Especialistas alertam para a resistência do patógeno e os riscos em ambientes hospitalares
O Hospital do Servidor Público Estadual, localizado na zona sul de São Paulo, enfrenta um surto do superfungo Candida auris. Desde o início do ano, ao menos 14 pacientes testaram positivo para o patógeno, incluindo um idoso de 73 anos que faleceu em decorrência da infecção. A maioria dos casos identificados são de indivíduos colonizados, ou seja, portadores do fungo sem manifestação ativa da doença.

O que é o Candida auris e como ocorre a transmissão?
Identificado pela primeira vez em 2009, o Candida auris é um fungo altamente resistente a medicamentos e capaz de sobreviver em ambientes hospitalares. Ele se prolifera especialmente em pacientes com sistema imunológico debilitado, podendo causar infecções graves na corrente sanguínea, no trato urinário e em feridas cirúrgicas.
A transmissão ocorre pelo contato com superfícies e equipamentos contaminados, bem como entre pacientes. Segundo especialistas, a alta resistência do fungo torna sua erradicação um desafio para as unidades de saúde.
Especialistas alertam para riscos e dificuldades no tratamento
De acordo com Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o Candida auris se aproveita da fragilidade de pacientes internados para se disseminar. “É um fungo que normalmente apresenta um perfil de resistência bastante alto. Ele também pode ser resistente às medidas de desinfecção, tornando essencial a adoção de protocolos rigorosos de controle”, explica Chebabo.
A resistência a medicamentos reduz as opções de tratamento, tornando necessário o isolamento dos pacientes infectados e a intensificação das medidas de higienização em hospitais.
Medidas adotadas pelo hospital
Em nota oficial, o Hospital do Servidor Público Estadual informou que implementou protocolos de segurança, incluindo:
- Isolamento de pacientes em quartos individuais;
- Reforço na higienização de ambientes e equipamentos;
- Treinamentos especializados para as equipes de saúde;
- Monitoramento contínuo com coletas mensais por seis meses para avaliação da situação.
Casos no Brasil e preocupação das autoridades
Os primeiros casos de Candida auris no Brasil foram registrados em 2020, durante a pandemia de Covid-19, em um hospital de Salvador (BA). Na época, a superlotação das unidades de saúde e a redução das medidas de controle de infecção facilitaram a disseminação do fungo.
Desde então, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acompanha os surtos no país, monitorando as infecções e recomendando estratégias para conter o avanço do patógeno nos hospitais brasileiros.
Prevenção e desafios futuros
Para conter a propagação do Candida auris, especialistas reforçam a necessidade de:
- Uso adequado de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) por profissionais de saúde;
- Controle rigoroso da higienização hospitalar;
- Monitoramento constante de casos suspeitos.
Com a crescente resistência desse superfungo, a comunidade médica alerta para a importância da conscientização e do aprimoramento das práticas de prevenção e controle de infecções hospitalares.