Você acha que torcer contra a seleção resolve o problema do Brasil? | O Democrata

Milhões de brasileiros irão torcer como loucos durante a Copa do Mundo, mas nem todos pelo Brasil. A um dia do início do Mundial e com as tensões em relação a política, alguns estão demonstrando a sua revolta dizendo que irão torcer contra a seleção brasileira, talvez o símbolo de maior destaque do país na arena internacional.

“Nunca antes a Copa provocou estes sentimentos de ódio entre os brasileiros”, disse o cineasta e comentarista esportivo Ugo Giorgetti. “Tem gente que ama futebol, ama o Brasil, mas está torcendo contra a seleção como nunca fez antes”.

Esse coro contra o Brasil é um enorme contraste com a típica caricatura do torcedor de rosto pintado de verde e amarelo, cantando e gritando pela sua seleção ao som de tambores de escola de samba.

“Estou torcendo pela Argentina”, disse Marco Silva, consultor de 33 anos do subúrbio do Rio de Janeiro. “Se o Brasil for campeão, toda a corrupção vai ser esquecida. O país não irá acordar”.

A maioria dos brasileiros, de fato, irá cerrar fileiras com a seleção, que busca um inédito sexto título mundial, mas o governo teme que os críticos ocupem as ruas aos milhares e prejudiquem a imagem do país.

Para eles, uma eliminação precoce do Brasil no Mundial ajudaria o país a voltar a se concentrar nas necessidades mais prementes e, talvez, até ensejaria mudanças políticas.

“Eu e muitas pessoas que conheço estamos torcendo para que o Brasil seja eliminado logo, embora nem todos sejam sinceros a esse respeito”, afirmou Edson Alves, químico de 52 anos fanático por futebol. “É triste, mas neste momento estou pensando mais no Brasil país, não no Brasil seleção de futebol”.

Embora a história recente mostre pouca correlação entre um título da Copa do Mundo e uma vitória eleitoral, poucos brasileiros estão convencidos disso.

Em 1970, durante o período mais sangrento da ditadura militar de 1964 a 1985, o general Emilio Médici desfrutou de uma onda de popularidade, já que a seleção brasileira, liderada por Pelé e amplamente considerada a melhor da história, trouxe para casa um terceiro título da Copa do Mundo.

Ativistas pró-democracia na época exortaram os brasileiros a se voltar contra a seleção, mas a maioria estava muito encantada com o “jogo bonito” dos seus heróis.

A seleção brasileira é, talvez, o time de futebol mais popular do mundo, associada a uma lista de lendas como Pelé, Zico, Romário, Ronaldo e agora Neymar.

Muitos brasileiros, no entanto, tendem a ter uma atitude mais fria em relação à camisa amarela e verde. Parte disso é devido a uma ligação mais fraca hoje em dia entre torcedores e jogadores, a maioria dos quais joga em clubes na Europa ou até mesmo mais longe. Enquanto todos os jogadores da seleção de 1970 jogava no Brasil, apenas quatro do atual elenco atuam no país.

Ainda assim, a Copa do Mundo acontece apenas uma vez a cada quatro anos e, se a Copa das Confederações do ano passado servir de indicativo, as atitudes podem mudar caso a seleção dê um show nos campos

A história mais distante indica que o “ódio do Brasil” pode só durar até a bola começar a rolar.

“Meus amigos estavam entre aqueles que pediram para os outros torcerem contra o Brasil em 1970″, lembra Giorgetti. “Ninguém resistiu os primeiros 15 minutos.”

Nós brasileiros devemos ter uma atitude mais positiva para gritar contra as coisas negativas que estão acontecendo em nosso país, há décadas.

Escândalos políticos, corrupção, mensalões, cuecas milionárias, anões, refinaria de Pasadena, saúde pública caótica, educação precária, violência, doleiros, campanhas eleitoreiras milionárias com dinheiro público… E a lista não termina nem nas próximas cinquenta palavras.

Estes são fatos negativos que devemos SIM rejeitar, criticar, denunciar.

Se estão querendo transformar uma paixão brasileira, que é o futebol e a nossa seleção “canarinho”, que tantas alegrias nos deu (somos a única seleção que participou de todas as Copas do Mundo e a única que pode ser Hexa), em “ópio” para o povo esquecer da podridão que se amontoa e se agiganta sobre as nossas cabeças e ainda servir de palanque político, não será torcendo contra os “meninos de verde e amarelo” que entrarão nas arenas para defender a cor de nosso país neste megaevento, que daremos nossa resposta.

Amamos nosso país, amamos nossa seleção e não podemos mais tolerar que destruam aquilo que amamos. Se a Sra Presidenta está preocupada com a imagem do nosso País, ela deve se lembrar que a imagem do Brasil já está borrada com as manchetes negativas de corrupção, violência, pobreza e estrutura educacional e da saúde falida, enquanto se gasta quase 30 bilhões na Copa.

Não vamos transformar a copa em algo que venha envergonhar mais ainda nosso País e povo. Vamos sim, com civilidade, mostrar nossa insatisfação. Onde está a juventude de “caras pintadas” que movimentou o país no impeachment histórico, que gritou e bradou em alto som pelas “diretas já”?

Protestar nem sempre é agredir, realizar quebra quebra, profanar, ofender, desrespeitar autoridades. Mas, acima de tudo é demonstrar de forma criativa e positiva que não concordamos com o que está errado. E, acima de tudo, trabalhar para que o que está errado se concerte, e teremos esta oportunidade nas próximas eleições, não promovendo violência, vandalismo e rejeição à seleção brasileira.

Vamos fazer diferente do que os políticos oportunistas querem. Vamos dizer SIM para o Brasil; vamos apoiar e torcer pela nossa seleção; vamos cantar em uníssono, em alto tom e volume, com todo nosso fôlego, o Hino Nacional, como se estivéssemos gritando uma carta de amor ao nosso País; vamos nos vestir de verde e amarelo, pintar nossas caras com as belas cores de nossa bandeira; vamos dizer NÃO para os políticos corruptos e dar a resposta que eles merecem nas urnas.

Quem ama não destrói. Se amamos nosso País e queremos mudança, não será promovendo quebradeira nas propriedades sejam públicas ou privadas; não será rejeitando a seleção; não será provocando e causando tumulto.

Vamos dar aos estrangeiros a ideia do que é ser um povo guerreiro, mas, ordeiro; insatisfeitos mas civilizados em nossa postura de gritar BASTA!

No máximo, depois de se vestir e pintar-se de verde, amarelo, azul e branco, ponha uma tarja preta, no braço, na testa, onde quiser, em protesto, pois, estamos de luto pela morte de nossa saúde; da nossa educação; de nossas crianças, jovens e adolescentes jogadas no mundo das drogas, criminalidade e prostituição; das nossas instituições que nada fazem…

Façamos a melhor copa não porque alguém disse que faremos. Mas porque apesar de tudo e de todos amanhã poderá ser um novo dia para nosso País e para nossos filhos e netos, não por causa da Copa, mas porque o povo despertou da sonolência e do torpor letárgico e resolveu mudar a sua história.

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