Desculpe se eu vou te decepcionar no texto de hoje, mas não dá para deixar de falar de outro assunto a não ser a execução da vereadora Marielle Franco da cidade do Rio de Janeiro e do motorista Anderson Gomes. Há milhares de Marielles pelo Brasil. Mas ela conquistou um lugar onde conseguia representar a luta de negros, brancos, mulheres, homens como tantos outros que nos representam e talvez nós nem saibamos.
O que a sua morte fez foi colocar uma lente de aumento nas atrocidades que o ser humano insiste em fazer contra seus pares. Mas os tempos estão mudando. Enterrar Marielle suscitou a força daqueles que ainda acreditam na justiça. Mesmo quando a justiça seja representada por autoridades que têm a coragem de postar frases preconceituosas e mentirosas nas redes sociais sobre pessoas que nem conhecem. Ao executarem Marielle “eles” regaram uma semente que só faltava um pouco de água para germinar.
E para registrar, esta história está em desenvolvimento, o filme sobre a vida de Marielle Franco que pretende esclarecer quem foi a jovem da Maré que se tornou vereadora e, hoje, representa a luta contra intolerância e violência no Brasil. A cinebiografia está sendo tocada pela produtora Paula Barreto, filha de Lucy e Luiz Carlos Barreto. João Paulo Reys deve ficar a cargo do roteiro, junto com Flavia Guimarães, e Jorge Mautner cuidará da parte musical. O filme vai contar com atores e equipe vindos da Maré. A renda obtida será destinada aos moradores do complexo. Mais uma vez a arte dará conta de deixar viva uma grande obra. Neste caso, a vida.
Rogério Alves – maestro e produtor cultural