O aumento expressivo na compra de soja brasileira pela China despertou atenção no setor agrícola e industrial de Mato Grosso do Sul, mas lideranças do Estado adotam cautela quanto a possíveis impactos positivos da guerra comercial entre chineses e norte-americanos.

Segundo a agência Bloomberg, a China adquiriu pelo menos 2,4 milhões de toneladas de soja do Brasil em uma única semana, em um movimento classificado como “excepcionalmente grande e rápido”. A operação ocorre em meio à escalada de tensões comerciais com os Estados Unidos, tradicional fornecedor da commodity.
Apesar do volume incomum, entidades do agronegócio em MS, como Famasul e Aprosoja/MS, evitam projeções precipitadas. O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, afirmou que ainda é cedo para conclusões e que um cenário mais claro deve surgir apenas com os dados oficiais da balança comercial de abril.
Já o presidente da Fiems, Sérgio Longen, vê possibilidades de ganho para setores estratégicos do Estado. Ele destaca que a busca da China por fornecedores alternativos pode abrir novas oportunidades para a indústria sul-mato-grossense e para o agronegócio local.
O Brasil, que já lidera as exportações de soja para a China, registrou em março um salto de 59,5% nos embarques do grão em relação a fevereiro, alcançando 10,25 milhões de toneladas. A média diária também cresceu 25,2% na comparação anual, conforme dados do governo federal.
O governador Eduardo Riedel (PSDB) reconheceu a importância do momento, mas reforçou a necessidade de cautela: “É um chacoalhão global. Algumas cadeias serão afetadas, mas outras podem se fortalecer.”
Especialistas apontam que, embora promissor, o cenário não indica uma substituição completa da soja americana, já que há uma divisão natural de fornecimento: o Brasil predomina no primeiro semestre e os EUA no segundo.
Com informações do CGN.