Na última segunda-feira (28), um apagão em larga escala deixou Portugal e Espanha no escuro e acendeu o alerta sobre os desafios da transição energética. Autoridades espanholas apontam uma falha na geração solar no sudoeste do país como provável causa da queda no sistema, embora ainda não se descarte a participação de outros fatores. A Red Eléctrica, operadora da rede espanhola, informou que uma perda súbita na produção fotovoltaica pode ter desencadeado um colapso em cadeia.

Especialistas, como Pedro Jatobá, pesquisador da FGV-Ceri, explicam que a alta presença de fontes renováveis intermitentes — como solar e eólica — reduz a chamada “inércia elétrica” do sistema, tornando-o mais vulnerável a oscilações. A ausência de grandes geradores rotativos, típicos de usinas hidrelétricas, térmicas ou nucleares, compromete a capacidade de resposta instantânea da rede diante de falhas repentinas.
O blecaute ocorre em meio a discussões na Espanha sobre o fechamento das últimas usinas nucleares do país. Atualmente, cerca de 70% da energia elétrica espanhola é gerada por fontes renováveis, principalmente solar (59%) e eólica (11%).
Portugal, que naquele momento comprava energia da Espanha por motivos econômicos, também foi afetado, pois está totalmente conectado à rede elétrica do país vizinho e não conseguiu se isolar rapidamente da falha.
Relatórios da operadora espanhola já alertavam sobre riscos de desconexões severas causadas pelo avanço das renováveis sem o devido reforço em sistemas de estabilidade. Como solução, especialistas propõem o uso de geradores síncronos e a atualização tecnológica dos inversores para simular inércia, garantindo maior segurança no fornecimento.
O incidente ibérico relembra o apagão brasileiro de agosto de 2023, também ligado à intermitência solar e eólica. Para evitar novos colapsos, analistas defendem investimentos em planejamento energético, tecnologias de estabilização e adaptação das redes para um futuro cada vez mais dependente de energia limpa.
Com informações da BBC News.