Na 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, os países-membros reforçaram a defesa da criação de um Estado palestino soberano, com base nas fronteiras anteriores à ocupação israelense de 1967. O documento final condena a ocupação da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, e exige a retirada completa das forças israelenses, a libertação de reféns e a garantia de ajuda humanitária irrestrita.

Apesar do consenso entre os membros do bloco, o Irã — que integra o Brics — manifestou posição contrária, defendendo uma solução de Estado único com participação democrática de judeus, cristãos e muçulmanos, inspirado no processo de transição da África do Sul pós-apartheid.
O texto também denuncia o deslocamento forçado de palestinos e rejeita qualquer mudança geográfica ou demográfica em Gaza. Estima-se que mais de 40 mil palestinos tenham sido expulsos da Cisjordânia nos últimos meses, no que já é considerada a maior operação militar na região em duas décadas.
A declaração do Brics ocorre enquanto o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se reúne com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para discutir propostas polêmicas, incluindo o controle americano de Gaza e a emigração forçada de palestinos — ideias rejeitadas formalmente pelo bloco.
🧭 Entenda o que é BRICS
O BRICS é um grupo formado por países emergentes que se uniram para ganhar mais peso nas decisões econômicas e políticas globais. A sigla reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e, a partir de 2024, passou a incluir também Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, entre outros convidados.
O bloco busca fortalecer a cooperação entre seus membros e atuar como uma alternativa às potências ocidentais em fóruns como ONU, FMI e Banco Mundial. Com mais de 40% da população mundial e cerca de um terço do PIB global em paridade de poder de compra, o BRICS tem defendido um mundo multipolar, com maior equilíbrio nas relações internacionais.
Entre suas iniciativas, destaca-se o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado em 2014, que financia projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento.