Pesquisadores do Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) registraram, no início de 2025, três episódios significativos de poeira vinda do deserto do Saara atingindo a floresta amazônica. O fenômeno, que costuma ocorrer entre dezembro e março, chama atenção não só pela distância percorrida — mais de 5 mil km — mas também pelos benefícios ambientais que pode trazer.
A poeira transportada pelos ventos carrega minerais como fósforo e potássio, essenciais para a nutrição do solo amazônico, que costuma ser naturalmente pobre. Esse material ajuda a repor nutrientes perdidos com as intensas chuvas da região e contribui para a saúde da floresta no longo prazo.
A Torre ATTO, instalada no coração da floresta, monitora 24 horas por dia as partículas presentes no ar. Os dados mostram que os níveis de partículas no início do ano ficaram até cinco vezes acima da média da estação chuvosa, o que reforça a relevância do monitoramento contínuo. Além disso, há evidências de que a poeira também beneficia a vida marinha durante a travessia oceânica.
O fenômeno mostra como a natureza está interligada em escala global: o que acontece no Saara pode impactar positivamente o ecossistema da Amazônia e até influenciar o clima em diferentes regiões do planeta.