Agricultura, água e o futuro da Região Metropolitana de Sorocaba – O Democrata

A Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), embora reconhecida por sua força industrial e de serviços, tem na agricultura um componente estratégico pouco lembrado. Estudos apresentados na PUC‑SP em 2019 indicam que a RMS é a terceira região metropolitana mais agrícola do estado de São Paulo e responde por 20% a 24% do Valor Bruto da Produção paulista na área de olerícolas. Mais de 60% da cenoura, mais de 50% da alface e mais de 70% do repolho do estado são produzidos nos municípios da região, além da relevância da fruticultura.

Contudo, a pressão imobiliária vem alterando a dinâmica rural. Em capítulo do livro O Brasil em Transição – Economia Contemporânea (2020), demonstramos que a valorização das terras rurais, impulsionada pela expansão urbana, supera consistentemente o valor agregado da produção agrícola. Quando a terra passa a valer mais como futuro condomínio do que como área produtiva, permanecer na agricultura se eleva muito o chamado custo de oportunidade tendendo, em muitos casos, a escolha da venda da terra e, com isso, a recarga hídrica, o microclima e a paisagem ficam ameaçados.

Diante disso, investir em desenvolvimento tecnológico e pagamentos por serviços ambientais torna-se essencial. A inovação é o caminho para gerar valor adicionado, permitindo ao agricultor manter competitividade e bons retornos. Pesquisa aplicada, melhoramento genético e técnicas de cultivo mais eficientes são ferramentas indispensáveis. Nesse cenário, centros regionais como a APTA de São Roque — hoje sob ameaça de fechamento — devem ser fortalecidos para desenvolver tecnologias adaptadas à realidade local. Defendemos também a instalação de um posto da Embrapa Hortaliças na RMS, o que ampliaria a transferência de tecnologia e fortaleceria o elo entre pesquisa, inovação e sustentabilidade do ponto de vista tanto ambiental como econômico.

Em estudo publicado no livro Contribuições a uma Agenda de Políticas Públicas Meso e Microeconômicas (2025), analisamos as políticas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) na RMS. Apenas oito dos 27 municípios possuem leis de PSA, mas nenhuma foi regulamentada, impedindo a remuneração de agricultores e ambientalistas pela preservação de matas ciliares e áreas de mananciais. Esses resultados aprofundam as conclusões do estudo A Produção Olerícola na Região Metropolitana de Sorocaba (PUC‑SP, 2019), que já apontava o peso produtivo e os riscos impostos pela expansão urbana.

Há movimentos locais promissores. Um dos autores participou da articulação da Lei de Diretrizes da Política Municipal Agrícola de Sorocaba (Lei nº 11.479/2016) e hoje colabora, através do Centro Paula Souza, com Piedade e São Roque na elaboração de suas diretrizes agrícolas. Em 2026, o processo deve ser estendido a Ibiúna, município estratégico pela produção hortícola e preservação hídrica.

Valorizar agricultura, regulamentar o PSA, proteger centros de pesquisa e planejar o uso do solo são passos essenciais para preservar a qualidade de vida e a sustentabilidade regional e, sem dúvida, a segurança hídrica, tão ameaçada nas nossas cidades da Região metropolitana de Sorocaba.

Francisco Carlos Ribeiro (Fatec Sorocaba)
Flaviano Agostinho de Lima (Fatec Tatuí)
Vidal Dias da Mota Júnior (Uniso)

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