Para nós são-roquenses o 1º de Maio não é apenas o Dia do Trabalho. É dia de transformar Pirapora do Bom Jesus em uma extensão de São Roque com a Romaria dos Cavaleiros de São Jorge realizada desde 1929. Aqui em nossa redação é dia de comemorar o anivesário do Jornal O Democrata outra tradição que circula semanalmente desde o distante 1º de maio de 1917. Seria fantástico se a Rádio Cacique de São Roque (inaugurada em 1º de maio de 1951) não tivesse deixado a cidade em 1958. Seria motivo de mais uma comemoração da imprensa local.
A data também é dia de lembrar o tricampeão mundial de F-1 Ayrton Senna que morreu no GP San Marino, em Ímola (Itália). Mas também foi em um 1º de maio que São Roque viveu uma grande festa com reabertura da Brasital. Em 1987, a antiga tecelagem, que encerrou as atividades no início dos anos de 1970, estava de volta agora para tecer projetos educacionais e culturais.
O prédio histórico estava abandonado e em via de se transformar em loteamento. Foi quando o prefeito Mário Luiz Campos de Oliveira iniciou contato com o proprietário Szymon Feldon e conseguiu concluir a compra depois de longas conversas. A ideia de criar um centro cultural ajudou a negociação, Feldon gostou da iniciativa e mesmo após a conclusão do negócio procurava o prefeito para saber como estava o andamento do projeto
O município não tinha como arcar sozinho com o valor do imóvel e a participação do Governo do Estado foi decisiva com o governador Franco Montoro fazendo da parceria com o CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) um dos últimos atos dele no Palácio dos Bandeirantes com a participação fundamental José Serra, então secretáro de Desenvolvimento José Serra.
O Arquivo Vivo do Jornal O Democrata registra o 1º de maio de 1987, quando a Brasital foi entregue simbolicamente aos moradores de São Roque. Ex-funcionários da tecelagem receberam diplomas com a menção “Uma vida dedicada ao progresso do Munícipio e da nossa Brasital”. Foram centenas de diplomas assinados um a um pelo prefeito Mário Luiz.
Vasco Barioni, Lucindo Lima, Zé do Nino e outros colaboradores se empenharam para que o famoso apito da fábrica de tecidos fosse novamente acionado. Ao contrário da música “Três Apitos”, de Noel Rosa, dessa vez o apito da fábrica de tecidos não feriu os ouvidos de ninguém. Depois de 16 anos de silêncio, emocionou o coração de todos.
Várias autoridades marcaram presença na festa, entre elas a Secretária Estadual de Cultura a atriz Beth Mendes. Destaque para dois ilustres são-roquenses: o ator Juca de Oliveira e o artista plástico Darcy Penteado que morreria sete meses depois em 3 de dezembro. Foi na reabertura da Brasital que Darcy Penteado assumiu o compromisso de doar parte do acervo para a construção de um museu. Ele cumpriu a promessa, mas a cidade natal do artista da fama internacional ainda não fez a parte que lhe cabe. Sábado passado (27 de abril), um evento marcou o início das comemorações centenário do artista nascido em 30 de abril de 1926. Já se passaram 37 anos e vários prefeitos… Faremos em dois anos o que não foi feito em quase quatro décadas?
Vander Luiz
