Na edição passada, o Arquivo Vivo resgatou a mudança da Prefeitura e da Câmara Municipal de São Roque (31 de janeiro de 1974) do casarão da Praça da Matriz para parte do prédio do Colégio São José (Rua Padre Marçal, 30) no segundo ano da administração do prefeito Jarbas de Moraes (1973/76). Como citado não foi apenas uma troca de endereço, representou uma grande mudança arquitetônica e histórica.
Em 1974, os poderes executivo e legislativo dividiam um sobrado em ruínas na esquina da Rua XV de Novembro com a Praça da Matriz (hoje segunda pista no início da Avenida João Pessoa). Ao lado, em igual situação, estava o casarão do Barão de Piratininga (atual Casas Pernambucanas) também conhecido como solar (moradia de família nobre). Pouco tempo depois, os dois prédios foram demolidos. Faz lembrar o poema “Confidência do Itabirano”, de Carlos Drummond de Andrade: hoje os casarões são apenas fotografias na parede e nas redes sociais. “Mas como dói!” Afinal, os prédios chegaram a ser tombados pelo Patrimônio Histórico.
Na edição de 21 de março de 1970, O Democrata estampou em primeira página. “Sobrado do Barão e prédio da Prefeitura irão para a Secretaria de Turismo”. “O Diário Oficial, de sexta-feira 13, publicou ato do secretário estadual do Turismo determinando o tombamento (preservação) dos sobrados da região central, que formam o conjunto histórico desta cidade”. O prefeito era Henrique Luiz Arnóbio (1968/72).
Tombamento do Casarão
“Resolução de 12 de março de 1970. O Secretário de Cultura, Esportes e Turismo, no uso de suas atribuições legais e nos termos do decreto-lei 149, de 15 de agosto de 1969, resolve.
Artigo 1º – Fica tombado, como monumento histórico do Estado de São Paulo, o sobrado denominado “Casarão do Barão de Piratininga”, na cidade de São Roque, e o de propriedade da Prefeitura Municipal.
Artigo 2º – Fica o Conselho da Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado autorizado a inscrever no Livro do Tombo competente o referido imóvel para os devidos fins legais efeitos.
Artigo 3º – Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Estava definitivamente [ou não] resolvida a questão da preservação dos dois antigos sobrados cuja construção data de 1840, segundo informa o historiador são-roquense Paulo Silveira Santos. Em primeira mão, O Democrata citava que “a Secretaria do Turismo tomou todas as providências preliminares para entrar na posse dos dois prédios, tendo já iniciado os entendimentos com o sr. Jamil Chad, atual proprietário do sobrado em que outrora residiu o Barão de Piratininga.”
“Uma vez concluídas as formalidades legais, serão imediatamente iniciadas as obras de restauração e ali o Governo irá instalar o projetado ‘Museu Barão de Piratininga’. O mesmo com referência ao sobrado de esquina em que funcionam a Prefeitura e a Câmara Municipal. Quanto a este último, haverá um prazo para que os dois órgãos municipais possam providenciar mudança para outro local.”
O fim do prédio histórico
No entanto, o decreto não saiu do papel e sem as devidas manutenções as duas construções históricas começaram a ruir. No início do governo Jarbas de Moraes, o prédio colocava em risco a segurança dos funcionários e dos cidadãos. Jarbas e o advogado da Prefeitura, Hélio Villaça, disseram que não havia outra alternativa que não fosse a demolição e tiveram atendido o pedido de “destombamento”. Em compensação, o CONDEPHATT assinou dois convênios com a Prefeitura para transformar a Mata da Câmara “em um aprazível parque de recreação e turismo” e a reabertura do Sítio e Capela do Santo Antonio construído pelo bandeirante Fernão Paes de Barros.