O Arquivo Vivo registra duas indústrias que geraram centenas de empregos em São Roque e uma tradicional loja de utilidades domésticas que encerraram as atividades há décadas. As publicações são de 1959.
A Cia Têxtil Irajá era onde está a Prefeitura de São Roque na rua São Paulo. No mesmo local, também funcionou a Peterco. A outra é a Fábrica Nacional de Ferramentas (FNF), no Bairro do Guaçú, no início do acesso de São Roque à Castello Branco. Mas naquele tempo não havia a Avenida Varanguera (inaugurada em 1987) e a Rodovia Lívio Tagliassachi (1988). Por isso, a Avenida Brasil seguia até a portaria da empresa.
A FNF tinha uma vila de casas para os funcionários e concessão do governo federal para o aproveitamento de energia hidráulica no Ribeirão Guassú (Decreto 36.538 de 3 de dezembro de 1954). Encerradas as atividades, deu lugar para o Camping do Jordão (referência ao sobrenome do proprietário Djalma Jordão Raposo Magalhães) e chegou a ter uma quadra de tênis coberta no antigo galpão industrial. Hoje, parte da área é ocupada pela Estação de Tratamento de Esgoto da Sabesp. Por sua vez, a casa comercial é A Elétrica Sanroquense na Avenida João Pessoa.
IRAJÁ PRODUZIA COM RAMI O LINHO BRASILEIRO
O Jornal O Democrata, representado pelo diretor Rubens Boccato, visitou o estande da Cia. Têxtil Irajá na Fenit (Feira Nacional da Indústria Têxtil), no Parque do Ibirapuera, em companhia do prefeito de São Roque, Lívio Tagliassachi, e Remo Roque Sasso e Egídio Sangalli, auxiliares graduados da Irajá.
“Tivemos a satisfação de ver que o ‘stand’ sanroquense foi distinguido com a honrosa visita do governador do Estado, Carvalho Pinto, que ficou encantado com a superioridade e beleza dos tecidos aqui fabricados de fibra de rami, produto nacional. O nosso representante Rubens Boccato ficou surpreso em saber que a Cia. Têxtil Irajá de São Roque é uma das componentes do único grupo no mundo que explora o rami, desde a cultura até a produção de tecidos”, destacou a reportagem.
“O rami pertence a mesma família das plantas fibrosas que o linho. Uma fibra fina e delicada e com longas pesquisas científicas conseguiram assim criar o Linho Brasileiro… Estão sendo feitos estudos para o futuro aproveitamento das folhas e galhos da planta para produzir farinha de rami, como sucedâneo [que pode substituir] da farinha de feno de alfafa, aplicado nas rações de avicultura”. O Democrata foi convidado pelo dr. Sigismundo S. Czarlinsky para uma visita à empresa.
FÁBRICA NACIONAL DE FERRAMENTAS
“O nosso diretor Heitor Boccato recebeu gentil convite para visitar a moderna e bem instalada Fábrica Nacional de Ferramentas S/A, instalada no progressista Bairro do Guassú”, publicou O Democrata em 29 de agosto de 1959.
A comitiva, que contava com vários representantes do comércio local, foi recebida pelo diretor dr. Sabatto Torre que explicou em ligeiras palavras o motivo do convite: “de tornar conhecido o que se está fabricando em nosso município. A nossa fábrica, além de ferramentas é a única na América do Sul que está produzindo com a mais rigorosa perfeição ‘bielas’ para automóveis”, destacou. A força é luz é produzida pela própria companhia e atualmente trabalham no estabelecimento 100 operários.
Após os aperitivos e salgadinhos, o jovem professor Júlio de Lucca disse da satisfação e do entusiasmo de todos em conhecer tão importante estabelecimento, apelando em nome do sr. José Alembick que os produtos ali fabricados fosse também vendidos pelos nossos negociantes
A ELÉTRICA SANROQUENSE NOVAS INSTALAÇÕES
Em 22 de agosto de 1959, a primeira página inteira do Jornal O Democrata estampou anúncio da inauguração das novas instalações de “A Elétrica Sanroquense”, na Avenida João Pessoa, 84 em frente ao Colégio São José. “A primeira do ramo, a recordista de vendas”, como dizia o seu slogan, preparou um série de ofertas de rádios Philco e Invictus, geladeiras e refrigeradores Gelomatic e Kelvinator, cortinas Modernfold, bicicletas Herbia, persianas Kirsch, Máquina de Costura Elna Zig Zag e Walita, o maior nome em liquidificadores, enceradeiras, ventiladores e exaustores.
Nelson Pereira era o proprietário da loja que colocou São Roque na vanguarda de muitas outras cidades, recebendo por isso justos e efusivos parabéns. A fita de inauguração foi cortada pelo presidente da Cia Brasileira de Gás, Ulisses Huergo. O dinâmico gerente de A Elétrica Sanroquense era o sr. Ruy S. Silveira.
Vander Luiz