Na quarta-feira, dia 19, o Copom, decidiu, de forma unânime, manter a taxa Selic em 10,5%. O mercado esperava uma reunião mista entre debate acadêmico e filme de suspense mas, para surpresa de todos, mostrando independência de questões políticas, os diretores do Banco Central mandaram um recado claro de comprometimento com a estabilidade dos preços.

Na reunião anterior, o Copom tinha dado uma leve cutucada na Selic, baixando-a 0,25%. Mas foi uma decisão com dissidência – uma palavra bonita para dizer que teve briga. Alguns membros, recém-chegados e ainda com cheiro de tinta fresca, queriam uma redução maior, de 0,50%.

A decisão do Copom, somada à mudança das metas fiscais, deixou o mercado ainda mais desconfiado. Investidores, que já são um bando desconfiado por natureza, ficaram receosos de que a inflação saísse do controle. Resultado? Aversão aos títulos prefixados e uma debandada para investimentos estrangeiros. Isso bagunçou o câmbio e os juros, corroendo a confiança no controle fiscal do governo e aumentando a percepção de risco.

No cenário doméstico, a melhora da situação fiscal é crucial para estabilizar o câmbio e as expectativas de inflação. O governo precisa mostrar compromisso com o corte de gastos para complementar os esforços do Banco Central.

O tal “pânico do mercado” é noticiado como um grande problema, mas a palavra que é sinônimo de crise indica também oportunidade. Com ativos baratos e juros altos, inclusive nos EUA, muitas oportunidades de investimentos estão claras. O que pode ser ruim no curto prazo, com certeza vale ouro para quem pensa no futuro e sabe como investir com segurança e tranquilidade.

Rodrigo Boccato é publicitário desde 2003, jornalista, pós-graduando em Gestão de Investimentos e Assessor de Investimentos registrado na Comissão de Valores Mobiliários, sócio da Saron Investments | Credenciado XP

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