Estudo prevê queda significativa na disponibilidade de águas subterrâneas até 2100.
Pesquisadores do Instituto de Geociências da USP e do Inpe alertam que a crise climática pode comprometer a recarga natural dos aquíferos no Brasil, reduzindo a oferta de água subterrânea em todo o território nacional. O estudo, publicado no periódico Environmental Monitoring and Assessment, analisou cenários climáticos até 2100 e indicou perdas especialmente nas regiões Sudeste e Sul.
Águas subterrâneas abastecem poços, nascentes, rios e ecossistemas, garantindo o fornecimento para cerca de 112 milhões de brasileiros. O estudo utilizou dados do CMIP6 e avaliou cenários moderado e pessimista de emissões de gases de efeito estufa. Mesmo em regiões onde a precipitação não deve mudar muito, chuvas intensas e concentradas dificultam a infiltração e a recarga dos aquíferos.
A recarga pode diminuir até 666 mm por ano nas áreas mais afetadas, com destaque para o Sistema Aquífero Bauru-Caiuá, que pode ter queda de 27,94% no volume recarregado. Outros aquíferos importantes, como Guarani, Furnas, Serra Geral, Bambuí Cárstico e Parecis, também estão em risco.
Apesar da importância estratégica, os aquíferos recebem pouca atenção nas políticas públicas. Mais da metade dos municípios brasileiros depende da água subterrânea, que demonstrou resiliência durante a seca de 2014-2016. Poços privados contribuem de forma indireta para o abastecimento público, especialmente em grandes cidades como São Paulo.
Entre as soluções apontadas está a recarga manejada de aquíferos (MAR), que inclui técnicas de infiltração da água da chuva ou de esgoto tratado, podendo ser feitas desde estruturas simples até sistemas de injeção direta no aquífero. Estudos mostram que ocupações urbanas, como vazamentos de água e esgoto, também contribuem para a recarga subterrânea de forma involuntária.
Compartilhe esta informação e ajude a conscientizar sobre a importância da água subterrânea para o futuro do Brasil!
