Consultar o centenário arquivo do Jornal O Democrata e trazer os assuntos para os dias de hoje. Há 50 anos (1974), entre tantas informações, separamos algumas reportagens.
Na edição de 14 de dezembro de 1974, O Democrata trouxe na primeira página a implantação, em São Roque, do radar da Aeronáutica, como passou a ser chamado popularmente o Sistema DACTA (Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), na Estrada da Ponte Lavrada (Alto da Serra). Dias antes (quarta-feira, 11), o tenente da FAB (Força Aérea Brasileira), Jorge Francisco dos Santos, discorreu de maneira fluente sobre o tema em uma conferência patrocinada e realizada no templo da Loja Maçônica Labor.
“A primeira fase da implantação abrangerá os estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso (ainda não existia o Mato Grosso do Sul), Goiás, Pará e o Distrito Federal, além de uma área aproximada a seis vezes o tamanho da França. Inclui radares meteorológicos e radares secundários controlados por computadores, que cobrirão um raio de 450 quilômetros. São Roque foi escolhida por sua localização geográfica, destacando-se neste aspecto sua altitude e topografia. Em um futuro bem próximo, São Roque receberá aproximadamente quase uma centena de novas famílias”, comentou Jorge Francisco dos Santos.
Entre as famílias que vieram para São Roque, antes mesmo da inauguração da Vila da Aeronáutica na região central, boa parte fixou residência na cidade, mesmo após a ida para a reserva (aposentadoria). Vários oficiais de diferentes estados também se casaram por aqui. O primeiro comandante, que se tornaria conhecido na cidade como Capitão Jorge, integrou-se à comunidade, participando de exposições de quadros e eventos locais. Após o seu falecimento, foi homenageado com o nome de uma rua no início da Estrada da Serrinha (Ski Mountain Park), onde está localizada a sede da Comitiva Brasil Poeira.
Em clima de festas de fim de ano, estava a todo vapor a campanha dos Festeirinhos de Natal da Obra Assistencial da Igreja da Matriz, para a arrecadação de alimentos destinados às cestas natalinas. Os festeirinhos eram Sandra Cristina, filha de Nancy Gavazzi de Andrade e Hipólito de Andrade, e Francisco Egydio Rabechini, filho de Lucila Bastos Rabechini e Francisco Pedro Rabechini.
Naquele sábado, O Democrata anunciou a chegada de mais uma fábrica em São Roque. A Indústria Metalúrgica Jolly Automóveis Ltda iniciava suas atividades no Bairro do Marmeleiro, na altura do km 64 da Rodovia Raposo Tavares (hoje Rua Horácio Manley Lane). A Jolly produzia rodas com design europeu, com modelos como Jarana, Tarunã/P6 e Montreal. Na mesma época, a Lord Veículos (Rua Enrico Dell’Acqua, 89 – hoje Restaurante João Bola & Ondina) anunciava a venda do carro do momento: Fuscão 74 e 72 azul, 73 verde e 70 vermelho, além da Kombi, Brasília e Chevrolet C-10. Havia financiamento com 20% de entrada e o restante em 24 parcelas.
A Loteria Esportiva era uma febre nos anos 70, comparável às apostas esportivas de hoje. Enquanto as bets atuais contam com a velocidade da internet, o sonho de fazer os 13 pontos enfrentava limitações. Ainda assim, ninguém se importava, pois não se podia imaginar que, um dia, tantos avanços tecnológicos estariam disponíveis. As apostas encerravam-se dois ou três dias antes dos jogos, e os volantes com as partidas precisavam de tempo para serem impressos. O Democrata publicava toda semana os palpites de um leitor, e, naquela semana, José Eduardo Calfat foi o escolhido.
O teste 214 trazia a última rodada do segundo turno do Campeonato Paulista, mas não incluía o triangular decisivo do Carioca entre Flamengo, Vasco e América, justamente por falta de tempo hábil. Calfat fez 7 pontos. Ele acertou a vitória do Palmeiras sobre o Corinthians com a ajuda de um duplo (também marcou o empate). O Verdão venceu o Corinthians por 4×1 e garantiu o título do segundo turno. O Timão havia sido campeão do primeiro turno, e as duas equipes disputaram a final em dois jogos. No primeiro, empataram (1×1). No segundo, o Palmeiras venceu por 1 a 0 e garantiu mais um título, enquanto o Corinthians continuava na fila que só terminaria em 1977, com a conquista do Campeonato Paulista, após um jejum de 23 anos.
O teste incluiu jogos de vários estados. O Campeonato do Mato Grosso destacou o clássico entre Operário e Comercial, duas equipes de Campo Grande, que se tornaria a capital do Mato Grosso do Sul e passaria a ter campeonato estadual a partir de 1979. Esse jogo nos leva a viajar no tempo com a ajuda da internet. O Operário venceu o Campeonato do Mato Grosso de 1974 e contava com ex-jogadores do São Paulo, como Nenê Peito de Pomba, Paraná (que mora em Sorocaba) e o lendário Toninho Guerreiro, único jogador cinco vezes campeão paulista de forma consecutiva: Santos (1967, 1968, 1969) e São Paulo (1970, 1971).
Vander Luiz
