Dicas que desejo jamais usadas – muito menos por vocês. | O Democrata
Julie Kohlmann Advogada

Minhas amigas, falar sobre violência é sempre tocar em alguma ferida mal curada.

É engraçado que gostamos de ver filmes violentos; séries, então, quem não conhece a detetive Olivia Benson do Law and Order?!

Mas e se for sério? Aquele olho no olho, com nossos pais, grandes amigos (as) dá pra falar? Difícil…. Falta coragem, sobram vergonha e julgamentos. Tem muito pitaco e pouco acolhimento.

Se não são nossas roupas, é o olhar; se não é o olhar, é o “jeito”; se não é o “jeito”, é a simpatia – acreditem-me, já ouvi um “sujeito” falar até sobre a maneira direta como a mulher olhava em seus olhos – como se ela quisesse transmitir, só para ele, uns segredinhos! Difícil, hein?!

Engraçado, o rapaz nem cogitou confronto tão aberto, que nem piscar ela piscava. (Já viram como os gatos olham para as presas? Tente trocar um olhar profundo com um gato…. Não aconselho)

Tudo é e pode ser motivo. Tudo.

Mas tem saída.

É mais fácil para quem percebe a violência do que quem é a vítima: ouça.

Mesmo sendo difícil, que você nem entenda bem o relato, não saiba o que fazer: olhe nos olhos, segure a mão, toque no braço da pessoa – você disse o necessário.

Não tente resolver.

Só a própria pessoa pode resolver suas dores – na hora dela, do jeito dela.

Literalmente, enxugue as lágrimas e, se você conseguir, compartilhe as mesmas lágrimas.

E se é você quem procura ajuda, procure com sabedoria.

A amiga que fala mal das mocinhas da novela, porque é liberada demais, é deselegante: hum, talvez seja melhor evitar. Notou como ela julga, mal, as mulheres?

A tia “opinadora” sobre tudo: como fazer arroz, arrumar o telhado; até como educar seus filhos – principalmente a sua filha…. Sei não. Ela sabe demais das coisas, o melhor para todo mundo. Você é todo mundo?

Não se sente segura? Procure ajuda em outros lugares.

Existe.

Psicólogas, assistentes sociais, advogadas… sites, grupos de apoio. Se profissional, te acompanhará nas decisões que você tomar; se forem grupos de apoio poderão te ouvir com carinho, compartilhar suas impressões.

E se situação ficar insuportável, física ou psiquicamente perigosa, a única saída é Polícia.

Dê preferência às Delegacias das Mulheres (temos uma em São Roque e outra em Sorocaba).

Não tem como chegar? Delegacia comum.

Vergonha? Vá ao Hospital.

Peça ajuda; diga se está com dor, se faça ouvir. Repita: quero ajuda.

Diga o que aconteceu para todo mundo – lá eles têm obrigação de sigilo – diga claramente do que você está com medo, de quem; se quiser, diga o porquê.

Não tem hospital por perto? Farmácia! As redes de farmácia e         o Conselho Nacional de Justiça tem a campanha “Sinal vermelho”: faça um X vermelho na mão e mostre para o farmacêutico ou quem te atender. Diga: quero ajuda.

Encontre um lugar protegido para você e seus filhos, seu corpo e sua mente. E então, com calma, se cerque de quem pode e tem obrigação de te defender – assistentes sociais, advogadas, policiais (hospitais também tem atendimento social). E…

Parabéns! Você é forte. Uma rocha!

Lembre-se: nada, nem ninguém é mais importante do que você mesma, minha amiga.

Estamos juntas.

Julie Kohlmann Advogada. Doutoranda em Filosofia do Direito, Mestre em Direito Civil e especialista em Direito Penal. Associada ao Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM

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