Em 1964, o pioneiro Grupo Escolar Bernardino de Campos comemorou 70 anos | O Democrata

O Grupo Escolar Bernardino de Campos completou 70 anos em 1964 e ganhou destaque com uma série de reportagens publicadas no Jornal O Democrata. Criado oficialmente em 24 de setembro de 1894 é considerado o primeiro grupo escolar do Estado de São Paulo pela iniciativa de reunir sete escolas isoladas existentes em São Roque.

Os 70 anos do Grupo Bernardino de Campos foi destaque em várias edições de 1964

“Iniciamos na data de hoje, nesta coluna que nos foi cedida gentilmente pelo “O Democrata”, uma série de artigos, com o fim de comemorarmos os 70 anos do nosso querido Grupo Escolar. Nela, relembraremos os anos vividos pela maioria de nossa população, quando alunos do saudoso Grupão”. A primeira publicação (11/04/1964) destacou a biografia do patrono Bernardino de Campos nascido em Pouso Alegre (MG), em de setembro de 1841, e que veio cedo para São Paulo afim de iniciar os estudos em Campinas. Em 1859, matriculou-se na Academia de Direito do Largo São Francisco e quatro anos depois (1863) recebia o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais. Colaborou como jornalista do Correio Paulistano, então dirigido pelo irmão Américo de Campos, e ainda escreveu no Diário Popular (São Paulo), A Província de São Paulo (atual O Estado de São Paulo) e Gazeta de Campinas. Foi deputado provincial (1878), com a Proclamação da República nomeado o primeiro chefe de Polícia de São Paulo, deputado e presidente do Congresso Constituinte (1892) e presidente do Governo e São Paulo em duas oportunidades (1892/1896 e 1902/1904), cargo que hoje corresponde ao de governador.

A rainha Angélica Boccato e rei José Antonio de Lima na comemoração dos 70 anos do Grupão

Na semana seguinte, O Democrata trouxe informações prestadas por dona Amasília Ribeiro Lopes a primeira aluna matriculada para o funcionamento do Grupo. “A ideia do agrupamento das escolas partiu do professor Júlio César de Oliveira, dedicado inspetor da região que naquela época já demonstrava por meio de exemplos o que a escola pode fazer pela criança”. O presidente Bernardino de Campos, Cesário Motta (secretário de Negócios do Interior) e Gabriel Prestes (diretor da Instrução Pública) acolheram a sugestão e o grupo foi instalado à rua Marechal Deodoro da Fonseca, número 5 (atuais residência de Hortência Rodrigues da Silva, Feliciano Santiago e Nino Biazzi, que à época era um só prédio. No decorrer de 1901 a 1904, ao Câmara Municipal doou ao Estado o edifício da Cadeia Pública, o qual após reformas adequadas passou a ser o prédio do estabelecimento. O imóvel mais tarde foi demolido demolido e no local está surgindo o novo e magnífico Grupo Escolar Bernardino de Campos. Em março de 1903, funcionava com 10 classes; em 1912 (14); em 1915 (15). Em 1964, era 32 classes.

Kátia Zanão (1ª princesa), João Pocciotti Filho (1º príncipe), Roseana Moraes Garcia (2ª princesa) e José Fernando Rabecchini (2º príncipe)

Surgiu também uma dúvida se o Bernardino era realmente o primeiro grupo escolar do Estado. Na edição de 25 julho de 1964, O Democrata publicou artigo do colaborador Didi Pereira em que afirmou que o Grupo Escolar Cesário Motta de Itu é o mais antigo estabelecimento do Estado com base em relato do professor ituano F. Nardy Filho. “A 17 de janeiro de 1893 foi solenemente inaugurada a reunião das escolas públicas do sexo masculino de Itu num só prédio, sendo a sua organização, com pequena diferença, igual ao que se observa nos grupos escolares e acrescenta que o grupo masculino “Queiroz Telles” foi incorporado ao G.E. Cesário Motta.

No entanto, o historiados Paulo da Silveira Santos contestou ao informar que o Bernardino de Campos foi inaugurado a título experimental em 3 de novembro de 1893 e oficializado em 24 de setembro de 1894. “Tem-se a impressão que o educandário de Itu seja realmente o mais antigo, tanto que o Grupo Escolar de São Roque só se instalou em novembro daquele ano… As escolas reunidas Queiroz Telles que se transformaram no Liceu de Instrução Primária e tendo havido alguns incidentes, o diretor das Instruções Públicas, Arthur Guimarães, ordenou o fechamento e que os professores voltassem para as antigas escolas. Posteriormente o incorporou ao Grupo Cesário Motta já então com classes de ambos os sexos. O professor Júlio César de Oliveira organizou em São Roque o grupo escolar em 3 de novembro de 1893. O Governo estabeleceu as normas para criação dos grupos escolares em 24 de setembro de 1894, sendo que o Queiroz Telles sequer estava em funcionamento quando dessa oficialização. O Grupo de São Roque foi o primeiro do estado e por isso recebeu o nome de Bernardino de Campos proposto pelo inspetor do distrito. O segundo foi o de Itu que recebeu o nome de Cesário Motta. Tanto que o próprio Cesário Motta visitou São Roque, em 3 de novembro de 1894, na comemoração do primeiro aniversário do Bernardino.

Programação dos 70 anos do Bernardino com missas, fanfarra e apresentação de corais

Em 1964, a comunidade movimentou-se para comemorar os 70 anos do Bernardino. Reinava grande entusiasmo entre as crianças para a formação da fanfarra com a eficiente orientação do jovem Iracy Silveira. Diretores, auxiliares de diretor, professoras, substitutas e dentistas do grupo e as professoras das Escolas Isoladas do município contribuíram com um dia do salário para os festejos, compra da fanfarra e outras atividades. Ex-alunos também colaboravam com donativos e campanha para a compra de bandeiras de São Paulo e Brasil para cada sala de aula.

Grande destaque ganhou o concurso para Rei e Rainha com os candidatos João Pocciotti Filho (filho de João e Cilda Pocciotti); José Fernando Rabecchini (Paschoal e Terezinha), José Antonio de Lima (Quintino de Lima e Elzira); Angélica Maria do Carmo Boccato (Rubens e Wilma); Kátia Zanão (Irandy Pedro e Ana) e Roseana Moraes Garcia (Antonio e Aurelina). Roseana é viúva do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos (Toninho do PT), assassinado em 11 de setembro de 2001, no mesmo dia do ataque às Torres Gêmeas (Estados Unidos). Angélica Boccato foi eleita rainha e José Antonio de Lima, o rei. João Pocciotti Filho (1º príncipe), Kátia Zanão (1ª princesa), José Fernando Rabecchini (2º príncipe) e Rosana Moraes Garcia (2ª princesa)

Ao completar 70 anos de atividades, o Bernardino tinha 1.212 alunos em três períodos e o diretor João Demétrio Pieroni, auxiliado pelas professoras Iolanda Lima de Oliveira, Olga Lima Mirim e Mary de Souza Alves Salvetti. O corpo docente contava com o seguintes professores: Antonio Paulo Salvetti, Osmar de Castro Boccato, Gentil da Silva Castro, Rosalina Villaça Salvetti, Maria Auxiliadora Ribeiro Lopes Machado, Ilka de Andrade Silva Boccato, Dora Tortato, Lucila Bastos Rabecchini, Lenita Maracini, Aurelina Moraes Garcia, Modesta Victorazzo de Carvalho, Iolanda Cardia Barbosa, Nicolau Eugênio Martinez Rodrigues, Maria de Lourdes Feriozzi Mello, Claudete Bonini Belmonte, Leila Salim Nunes, Livia Caldeira Algodal Zabrockis, Lydia Chad Villioti, Carmem Terezinha Mauro Charbel, Lucy de Souza Alves Victório, Zélia Adelaide Cereda Villaça, Vicentina Henriqueta Nastri, Conceição Guizelini Vieira, Zenaide Silva Della Déa, Maria de Lourdes Jorge, Maria de Lourdes Couto Bogatto, Niobe Carlassara Fernandes, Arlete Mary de Lima Fernandes, Cosete Silveira Costa Ribas, Luiz Gonzaga Leite e Terezinha Emília Guzzo Rodrigues. Pessoal administrativo: José da Silva Moraes (porteiro), Roque W. Burghi, Ruth Terezinha Martins, João de Oliveira, Agueda Setter e Faird Fandi.

A programação foi extensa com missa campal no Grupo Escolar (20 de setembro). No dia 25, missa na Igreja da Matriz por intenção de ex-professores e ex-alunos falecidos, benção da fanfarra, coroação de rei e rainha, apresentação do Coral Dom Bosco e coral infantil do Grupão. No dia 26, desfile pelas ruas centrais.

No final dos anos de 1990, com a municipalização do ensino o Bernardino de Campos foi desativado e a última diretora foi a professora Rosana Cilia. Hoje, no prédio funciona a Fatec e nas próximas eleições municipais não será mais local de votação.

Vander Luiz

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