O pódio conseguido por Fernando Alonso na primeira corrida da temporada de Fórmula 1 de 2023, no Bahrain, tem imensos significados e vale muito mais que os 15 pontos que o espanhol conseguiu no campeonato.
Se seu pódio com a Alpine em 2021 havia sido um prêmio para quem vinha lutando no meio do pelotão, este seu 99.º pódio é algo mais. Ficamos com a ideia de que a aposta mútua de Alonso em Lawrence Stroll, e do bilionário canadiano no histórico campeão espanhol, foi a correta.
E se o pódio com a Alpine tinha passado a ideia de que poderia ser o último da carreira do espanhol, esse pódio agora abre expectativas para mais sucessos. O próprio Max Verstappen já fala que Alonso deverá vencer corridas esse ano.
Mas, acima de tudo, Alonso vem demonstrar que, aos 42 anos, parece manter todo o talento e frescura de quando venceu sua primeira corrida (assinalará 20 anos em agosto).
Alonso jogando no cassino
O bicampeão espanhol saiu da Ferrari em 2014, após cinco temporadas e no final da pior de todas elas. Na primeira temporada da nova era de motores híbridos, ficou claro que a Ferrari tinha errado o conceito. O melhor que Alonso conseguiu foi dois pódios – mas se superiorizando de forma bem clara sobre seu colega de equipe e antigo rival para os campeonatos de 2005 e 2007, o finlandês Kimi Raikkonen.
Desde então, com as portas das equipas de ponta fechadas (Red Bull e Mercedes nunca consideraram seriamente sua contratação), Alonso parece um jogador de cassino esperando o prêmio – como se fosse um usuário cadastrado no Novibet e estivesse esperando o jackpot. O espanhol já fez três jogadas de sorte esperando ter um carro que lhe dê chances de sucesso: McLaren (2015), Alpine (2021) e agora Aston Martin (2023).
Um pódio é bom, mas sabemos que o que Alonso desejaria mesmo foi o que Jenson Button (e Rubens Barrichello…) descobriu no início de 2009: que a sorte tinha lhe trazido um carro vitorioso.
Sucesso noutros campos
Note que Alonso fez mais que jogar na sorte. Nas temporadas de 2019 e 2020 cansou de se virar no meio do pelotão e foi mostrar seu talento noutras pistas. Venceu o campeonato mundial de endurance, as 24 Horas de Le Mans em 2019 (já havia vencido em 2018, conciliando com a F1!) e as 24 Horas de Daytona também em 2019.
Quando terminará?
Ninguém sabe. Na época moderna, não há outro exemplo semelhante de um piloto tão relevante em uma idade tão avançada.
Todos gostamos de Kimi Raikkonen, mas ficou claro, em sua última época na Alfa Romeo, que o finlandês já não estava marcando pela diferença. Estava “apenas” ao nível de seu colega Giovinazzi.
Todos recordamos que a última temporada de Michael Schumacher, em 2012, foi embaraçosa; o heptacampeão era mais lento que Rosberg e cometia erros básicos, como o choque em Vergne em Singapura.
E o que dizer de Nigel Mansell? É certo que venceu o GP Austrália 1994, mas ficou claro que era bem mais lento que Damon Hill (que por sua vez não tinha sido páreo nem para Prost nem para Senna). E no ano seguinte, sua passagem pela McLaren foi deprimente.
Também Pedro de la Rosa passou pelo grid já depois dos 40 anos, mas de forma quase anônima.
Alonso está em outro nível. Quem consegue dizer, nesse momento, quantas mais temporadas ele conseguirá fazer?