Europa se reúne em meio a incertezas sobre negociações entre EUA e Rússia na guerra da Ucrânia
Paris recebe, nesta segunda-feira (17), uma reunião de emergência com líderes europeus para discutir o rumo da guerra na Ucrânia. O encontro ocorre em meio a preocupações de que os Estados Unidos possam negociar um acordo de paz com a Rússia sem o envolvimento direto do governo ucraniano e da União Europeia.
Movimentações diplomáticas e desconfianças
Na última quarta-feira (12), o presidente dos EUA, Donald Trump, conversou diretamente com Vladimir Putin sobre a guerra. No mesmo dia, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, declarou que a Ucrânia dificilmente recuperará todos os territórios perdidos desde 2014, quando a Crimeia foi anexada pela Rússia. A declaração gerou receios de que um acordo pudesse favorecer Moscou.
Na quinta-feira (13), Trump afirmou que a Ucrânia teria um papel nas negociações, mas o governo de Volodymyr Zelensky rejeitou um encontro com autoridades russas antes de definir uma estratégia com seus aliados.
O temor europeu aumentou após a sinalização de que Washington poderia negociar diretamente com Moscou, excluindo a Europa de um papel decisivo no processo. A Otan também demonstrou preocupação com a falta de diálogo prévio entre os EUA e seus parceiros antes do contato de Trump com Putin.
Para amenizar a tensão, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou no domingo (16) que qualquer negociação real incluiria os europeus. Além disso, Washington enviou um questionário aos países da União Europeia para avaliar a disponibilidade de tropas que poderiam garantir a implementação de um eventual acordo de paz.
Interesses dos EUA e o impasse sobre terras raras
A ajuda dos EUA à Ucrânia foi vinculada a interesses estratégicos de Washington sobre as chamadas “terras raras” — regiões ricas em minerais essenciais para a indústria eletrônica, como lítio, titânio, urânio e manganês.
Zelensky havia proposto um “plano da vitória”, permitindo a exploração desses recursos por aliados ocidentais, mas demonstrou preocupação com a possibilidade de um acordo entre Trump e Putin que favoreça a Rússia. Em entrevista à NBC, o presidente ucraniano questionou se as áreas sob ocupação russa seriam incluídas no pacto.
Diante da falta de garantias de segurança, a Ucrânia rejeitou um acordo sugerido pelos EUA sobre a exploração desses minerais.
Nos próximos dias, representantes de Washington e Moscou devem se reunir na Arábia Saudita para avançar nas tratativas sobre o fim do conflito, enquanto a Europa busca definir seu papel nas negociações.
