O Jornal O Democrata começou a circular no domingo 1º de maio de 1917 e três meses depois realizou a primeira cobertura da Festa de São Roque.
Na edição de 5 de agosto de 1917, O Democrata trouxe a programação das tradicionais solenidades do Divino Espírito Santo e São Roque. Apesar da novena (7 a 14 de agosto) e da Entrada dos Carros de Lenha (dia 12), destaque para os dias 14 a 16 com as missas, procissões e uma segunda entrada dos carros de lenha (14 de agosto).
Até 1967, a Festa do Divino foi realizada em conjunto com a Festa de São Roque até que o dia 15 passou a ser dedicado à Nossa Senhora de Assunção. Por isso, em 1917, Antonio Claudiano da Rosa foi festeiro do Divino e Andradina França e Eduardo Vieira de Camargo os festeiros de São Roque. O dinheiro arrecadado com a venda da lenha do dia 12 de agosto era para o Divino e a segunda para São Roque.
No dia 15 de 1917, a missa solene das 11h contou com grande orquestra e “pregando o evangelho o celebre orador sagrado cônego Manoel Francisco da Rosa, dileto filho do festeiro do Divino e padre em Piracicaba”.
Na programação oficial do dia 15 constava a exibição no Pavilhão Popular do filme de grande sucesso “Estranguladores de Nova York” (3º e 4º episódios). No dia 16, depois da reza (procissão e encerramento da parte religiosa) e fogos de vista, uma “brilhante função cinematográfica” no Pavilhão Popular.
Mas os filmes do Pavilhão Popular causaram polêmica entre os dois jornais da cidade. Fundador de O Democrata e dono cinema, Antonio Villaça criticou a postura do concorrente O Sãoroquense que divulgou a programação “suprimindo malevolamente” (por má índole) os filmes que faziam parte da Festa de São Roque.
A Festa de São Roque de 1917 inicialmente não estava empolgando, mas com aproximação do grande dia várias barracas foram montadas e teve grande movimentação.
Uma intensa chuva impediu a realização da procissão do Divino (dia 15) sendo transferida para o domingo dia 19. Bem ou mal a cidade ganhou mais um dia de festa que só não foi completa porque o Pavilhão Popular não pode exibir o filme “Tomada de Gorizia” (batalha da Primeira Guerra Mundial em 1916) porque a cidade ficou às escuras com a queima de um poste de madeira da linha condutora. Impossível registrar o prejuízo porque o espetáculo era em benefício e a fita teve que ser devolvida na segunda-feira.
Vander Luiz



