É inevitável. As Festas de Agosto tem duas mãos, a gente vive o momento e revive as festas anteriores. A Praça da Matriz era diferente, os andores eram enfeitados de tal forma e shows eram diferentes. O Arquivo Vivo mostra como foram as festas dos padroeiros em três momentos: 1949 (75 anos), 1974 (50 anos) e 1999 (25 anos).
Dona Leonor Mendes de Barros, esposa do governador Adhemar de Barros, esteve nas festas em 1949 e 1975; já nos anos de 1975 e 1999 São Roque teve dias de baixas temperaturas a exemplo deste ano.
Em 1949, as “solenes e tradicionais festejos em louvor ao Divino Espírito Santo e ao Glorioso São Roque” trouxe em manchete de primeira página o Jornal O Democrata de 30 de julho.
As Festas de Agosto convocavam o povo de São Roque e os visitantes devotos e trazia a mensagem do saudoso D. José Gaspar de Afonseca e Silva (faleceu aos 42 anos em um acidente aéreo em 27 de agosto de 1943 agosto) em que se pedia apoio para a conclusão da Igreja da Matriz. “O povo de São Roque não pode deixar inacabada esta formosa igreja que seu pároco começou a erguer. Apelo para a generosidade de todos os sanroquenses, afim de auxiliarem esta obra que há de ser o orgulho para sua cidade”.
A ideia de construir a atual Igreja da Matriz partiu do Padre Cícero Revoredo assim que assumiu a Paróquia de São Roque em 17 de fevereiro de 1929. O padre Revoredo ficou apenas um ano na cidade sendo substituído em março de 1930 pelo Monsenhor Silvestre Murari. Foram 25 anos de construção, passando outros vigários e inúmeras campanhas até que finalmente 1954 os irmãos Pedro e Ulderico Gentili concluíram a pintura artística interna.
Festas de outrora
Há 75 anos, os festeiros foram Iracema Villaça e Durval Villaça (São Roque) e Elda Pary Bonini e Pacífico Bonini (Divino Espírito Santo). A Bandeira do Divino levantada na Praça da Bandeira [Praça Heitor Boccato] pelo capitão do mastro Osmar de Castro Boccato e o alféres da bandeira Guilherme Pontes. A curiosidade foram os festeiros de honra, o governador Adhemar de Barros e Leonor Mendes de Barros.
No entanto, o governador adoentado não pode comparecer no dia 16 de agosto, mas a primeira dama do Estado chegou a São Roque em trem especial acompanhada do major Alfredo Condeixas [prefeito de Ribeirão Preto, representante do governador), deputado Lino de Mattos, além de diretores da Estrada de Ferro Sorocabana, jornalistas e pessoas gradas [importante, graúdas]. Dona Leonor foi recepcionada na casa de Argeu Villaça e fez uma doação em dinheiro (Cr$ 10.000,00) em favor das festas.
1974 – há 50 anos
“A passagem do 317º aniversário da cidade São Roque ficará nos anais de sua história… Sim, a comunidade são-roquense está em festa, não apenas pela realização das tradicionais homenagens em louvor a São Roque – santo padroeiro da cidade -, mas também em relação as demais solenidades que muito bem caracterizarão o Dia do Sanroquense”, registrou O Democrata.
Em 1974, houve uma maior participação da Prefeitura. O prefeito Jarbas de Moraes (1973/1976) disse à imprensa. “É verdade que, costumeiramente, devido a uma tradição que se firmou através de muitos anos, na nossa cidade festeja a data de aniversário do município participando da festa do padroeiro, digna dos maiores elogios…
Todavia, a partir deste ano e, quem sabe nos anos futuros, a Prefeitura vai dar maior enfase à data, procurando comemorar também com maior destaque o aniversário do município, ao mesmo tempo que procurará colaborar com os festeiros… investindo em shows, atrações circenses, bandas que fazem o lado recreativo da festa.” O destaque ficou por conta da apresentação da Banda e Coral da Polícia Militar do Estado de São Paulo sob a regência do major-maestro Rubens Leonelli.
Há 50 anos, a festa ocorreu com uma temperatura acentuadamente baixa, céu nublado e carracancudo que não foram empecilhos diante do calor humano e o conhecido entusiamo da gente são-roquense. Foram festeiros Álvaro Dias de Góes (Lula)/Vicentina Nastri de Góes e Agenor Justino dos Santos/Circe Bastos Santos. Na Câmara Municipal, o monsenhor Silvestre Murari (criador da Romaria dos Cavaleiros de São Jorge) recebeu o título de cidadão são-roquense. Dona Leonor Mendes de Barros mais uma vez esteve na procissão e como de costume foi recebida por Heitor (Rino) e Adelina Boccato na redação do Democrata.
1999 – há 25 anos
O frio também marcou presença, principalmente com noites geladas. Na Entrada dos Carros de Lenha o carreiro Leandro de Góes (Lando) recebeu um cartão de prata pelos 60 anos seguidos de participação. Homenagem dos festeiros Miguel Riezu Riezu/Elena Caparelli Riezu e Murillo Silveira Filho/Neusa Marques da Silveira.
O prefeito Efaneu Nolasco Godinho promoveu a mudança das barracas da Avenida Tiradentes e adjacências para a Avenida João Pessoa. Após o encerramento da festa, O Democrata manchetou. “Festas de Agosto 99: só não mudou foi a fé!” A “quebra da tradição” recebeu criticas e levantou polêmica. “Tecnicamente refletiram positivamente no setor viário e se tratou segundo consta de uma preparação para as mudanças na área central com relação ao trânsito e urbanização da praça”. No ano seguinte, novamente barracas foram montadas na João Pessoa, mas nas eleições de outubro Zito Garcia impediu a reeleição de Efaneu.
Em 2001, todas as barracas (entidades e particulares) retornaram para a Avenida Tiradentes e ninguém sentiu saudades do frio que castigava, principalmente, no trecho sem proteção do viaduto da João Pessoa.
Vander Luiz