
O estado de São Paulo entrará em lockdown todas as noites a partir de sexta-feira, 26. A decisão foi tomada pelo governador João Doria em meio a novo aumento de internações e a preocupação com o surgimento de novas variantes do coronavírus que levaram ao colapso do sistema de saúde de algumas cidades do interior no estado, como Araraquara.
A proposta de fechar todos os comércios entre 23h e 5h foi defendida por médicos e cientistas que fazem parte do Centro de Contingência e foi aceita pelo governo estadual, apesar da resistência da ala econômica do governo paulista. A medida vai durar de 26 de fevereiro a 14 de março.
— O governo de São Paulo decreta um toque de restrição de circulação entre 23h e 5h da manhã em todo o estado de São Paulo entre 26 de fevereiro e 14 de março dado o recorde de internações no sistema hospitalar no estado — afirmou o governador João Doria.
No interior do estado, algumas cidades já estão endurecendo as restrições. Campinas (SP) publicou nesta terça-feira o decreto que a determina regras da fase vermelha, a mais restritiva do Plano SP, entre 21h e 5h. Com isso, apenas atividades essenciais poderão funcionar nesse período até o dia 1º de março.
— Não temos nenhuma satisfação de adotar medidas como essa, mas temos a necessidade de adotar para proteger vidas. sem vida não há consumo, mortos não consomem. Chegou a 6.500 pessoas internadas em leitos de UTI, recorde histórico desde fevereiro do ano passado — disse Doria, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira.
De acordo com o coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, Paulo Menezes, o número de novas internações cresceu mais de 10% na última semana. Além disso, o total de internações têm aumentado progressivamente nas últimas semanas, sinal de que as pessoas estão sendo internadas por mais tempo, o que sobrecarrega o sistema de saúde do estado.
— Estamos extremamente preocupados, o estado de São Paulo ainda tem um número considerável de leitos disponíveis mas, se olharmos para o futuro temos uma previsão bastante preocupante, que é de esgotar os leitos de UTI em três semanas (caso o ritmo se mantenha) — afirmou Menezes.
De acordo com Menezes, esse cenário é consequência não apenas das aglomerações que ocorreram há cerca de dez dias durante o Carnaval, mas também da introdução de variantes do Sars-Cov-2 em São Paulo, especialmente a variante identificada primeiramente em Manaus.