Questões de concurso em Mairinque têm erros de português e podem ter sido tiradas da internet | O Democrata

Os candidatos que fizeram o concurso da Câmara de Mairinque (SP) investigado pelo Ministério Público por supostas irregularidades esperam que a prova seja anulada. Eles apontaram vários erros nas questões, que teriam sido tiradas da internet.

O caso foi denunciado pela TV TEM e mostra que a empresa responsável pelo concurso teria usado CNPJ de outra empresa. A prova foi aplicada no domingo (17) e 779 pessoas concorreram a duas vagas: uma de assistente financeiro e outra de assistente legislativo.

De acordo com uma candidata, que preferiu ter a identidade preservada, as avaliações tinham diversos erros de português.

“Eu vi os erros de português e os erros de digitação, mas aí eu pensei: ‘vou fazer o que? Eu tenho que assimilar alguma questão’. Mas eram erros inadmissíveis”, diz.

O concurso foi organizado pela empresa Fortis Concursos Públicos, que venceu a licitação.

TV TEM teve acesso à prova, que foi divulgada no site da empresa. Em uma das questões, o candidato tem que escolher a alternativa em que a frase aparece com o uso da crase errado, porém, a mesma questão está em um site de educação.

A pergunta foi feita no vestibular de medicina da universidade do ABC, na grande São Paulo. No entanto, em uma das alternativas havia a pergunta: “perdi uma caneta semelhante à sua”. No concurso de Mairinque a frase era: “perdi um lápis semelhante à sua”.

Em outra questão, o candidato tem que assinalar a alternativa que completa as lacunas. A mesma questão aparece no concurso do departamento de água e esgoto de Bauru (SP). A frase é: “ainda meio furiosa, mas com menos violência, proferia injúrias bastantes para escandalizar os mais arrojados”.

No concurso de Mairinque, a lacuna aparece no lugar errado e o candidato fica sem alternativa de assinalar a resposta certa. O papel chegou ao Presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (ANPAC).

Ele diz que a empresa que realiza o concurso deve contratar um grupo de especialistas de cada assunto para elaborar as perguntas e que o conteúdo da prova deve ser inédito e sem falhas.

“Porque, se fosse pra pegar questões já aplicadas, não era necessário contratar uma banca, ia direto pra internet, captava as questões e aplicava”, diz.

O presidente da ANPAC avalia ainda que os erros que constam na prova são intoleráveis. “A banca não tem direito de errar. O candidato, quando erra, fica fora, perde a questão e é reprovado. A banca não tem direito de errar”, afirma.

Segundo a candidata do concurso, durante a prova, outro candidato chegou a apontar os erros para uma fiscal na sala de aula, mas a mulher teria dito que não tinha como interferir no processo.

Em nota, a Câmara de Mairinque afirmou que o candidato poderia, em um prazo de dois dias, entrar com recurso dirigido à banca examinadora. Esse prazo já venceu.

Boletos

A empresa Fortis Concursos Públicos, que venceu a licitação para organizar as inscrições e aplicar a prova, usou nos boletos um CNPJ da empresa DUX Concursos Públicos.

No Tribunal de Justiça de São Paulo constam várias ações civis públicas para investigar irregularidades da empresa DUX. O Ministério Público instaurou inquérito para apurar a relação entre as empresas e, se ficar comprovada irregularidade, o concurso pode até ser cancelado.

A comissão fiscalizadora não teve acesso às provas, que são de sigilo e responsabilidade da empresa responsável pelo concurso.

Thiago Luiz da Silva, dono da empresa Fórtis, disse por telefone que, assim que for intimado pelo MP, vai apresentar defesa.

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