Nesta época do ano, costuma-se dizer que estão esquentando os tamborins. O Arquivo Vivo não requenta o tamborim, e sim revive antigos carnavais. São Roque merece um grande resgate dos bailes de salão, blocos, escolas de samba e inúmeros personagens.
Nesta semana, apenas uma passagem pelo Carnaval de 1990, que teve o 1º Encontro de Escolas de Samba de São Roque, no Largo dos Mendes. O jornal O Democrata, de 4 de fevereiro, destacou o evento e deixou no ar uma pergunta: o Carnaval daquele ano poderia ser o do tetra e collorido, ou não? O tetra viria somente quatro anos depois (1994), porque, na Copa do Mundo da Itália, a Seleção Brasileira do técnico Sebastião Lazaroni parou diante da Argentina de Diego Maradona, que deixou Caniggia na cara do gol para definir o placar.
O collorido era uma referência ao presidente Fernando Collor, que tomaria posse no dia 15 de março, mas renunciou ao mandato em 1992, após uma série de denúncias e do processo de impeachment, dando lugar ao vice-presidente Itamar Franco.

No dia 17 de fevereiro de 1990, desta vez na Praça da Matriz, houve uma nova apresentação das escolas de samba e o concurso que elegeu o rei Momo, Oswaldo Luiz Cruz Valentim (27 anos e 115 quilos), e a rainha, Sandra Aparecida Moreira (20 anos).
A Escola de Samba Acadêmicos do São Roque Clube, assim como o futebol brasileiro, buscava o tetra com o samba-enredo Em Alto Astral, de Claudinho Caju e Megias, mas o título ficou com a estreante Mocidade Independente da Vila Aguiar, que trouxe para a Avenida Tiradentes A Natureza é Pura, de Carlinhos César. A Corações Unidos prestou homenagem ao compositor Jorge Costa, que tinha amigos em São João Novo. O autor de sucessos como Triste Madrugada [aquela em que perdi o meu violão e não fiz serenata pra ela] teve sua vida cantada no samba Noites de Serestas, de autoria de Zé Carlos. Na Juventude Unida do Cambará, Iberê do Morro interpretou Vasquinho, Homem-Menino, que mostrou a trajetória de Vasco Barioni.
O resultado foi contestado pelas outras escolas, que alegaram que a Vila Aguiar não cumpriu o número mínimo de integrantes na ala das baianas, mas a Prefeitura de São Roque confirmou a vitória da Verde e Branco.

Em 1990, Mairinque também teve Carnaval de Rua, com a apresentação das escolas de samba Caprichosos de Mairinque (ESCAMA) e Mocidade Independente Princesa Isabel de Mairinque (ESMIPIM). As escolas de São Roque (Vila Aguiar, Cambará e Corações Unidos) se apresentaram uma noite em Mairinque, na passarela montada na Avenida Conselheiro Francisco de Paula Mairinque.

BANDA PSICODÉLICA
Mesmo falando rapidamente do Carnaval de São Roque, não se pode deixar de relembrar a Banda Psicodélica, que merece um capítulo à parte na história do Carnaval da cidade.
“Dentre os muitos carnavalescos são-roquenses, todos bons, destacamos os irmãos Lima: Lucindo (Cindo), Rudi, Eddie e Edson, criadores da Banda Psicodélica. Carros alegóricos, instrumentos estapafúrdios, esquisitos, por vezes grotescos, davam som à mais famosa banda de Carnaval de nossa São Roque”, escreveu Nininho Biazzi em 1990, no Democrata.

A Banda Psicodélica surgiu em 1963 e, além do Carnaval, se apresentou em vários programas de TV, entre eles Chacrinha, Hebe Camargo e Silvio Santos (Cidade contra Cidade). Fez sucesso também em uma festa do Dia das Crianças no Parque da Água Branca, em São Paulo.
Nininho integrou a banda a partir de 1977 e citou alguns companheiros de folia: Raul Berton, Joaquim Ferreira, Helião da Fepasa, Egydio Leite, Liraucio, João Poccioti, Sérgio Gonçalves, Chico Pinga, Bide, Eddie, Lima, Bimbim, Cholone, Edson Lima, Zeneu Teixeira, Pulguinha, Remo Moretti e Gordo Mariglianni.
Vander Luiz