
A agricultura pode ser um dos caminhos para que os objetivos definidos no Acordo de Paris, no que diz respeito as emissões de gases de efeito estufa sejam removidos em quantidade interessante para nosso planeta.
Mesmo que a concepção popular de captura e armazenamento de carbono seja a injeção de dióxido de carbono no subsolo, algumas raízes profundas podem fazer o papel de armazenamento de carbono chegando a três metros no subsolo como matéria orgânica.
A agricultura faz esse papel com as plantas, na produção de alimentos, incluindo outros benefícios ambientais como conservação do solo, de nascentes e da biodiversidade. Principalmente, onde o cultivo é agroecológico ou orgânico, pois o uso de defensivos agrícolas diminui a eficácia de regeneração do solo nos cultivos convencionais. As forrageiras tropicais como as gramíneas e a Imbaúba são consideradas as primeiras habitantes das matas por se desenvolverem rapidamente e com isso consomem muito carbono, já as leguminosas como o feijão, as raízes como a mandioca e outros cultivos que tenham raízes longas, tem papel fundamental na obtenção de carbono nas camadas mais profundas dos solos.
O bambu é uma das plantas que mais consomem carbono, sendo fundamental para esse intento e sendo importante na conservação ambiental do local onde é cultivado. As árvores de grande porte são imprescindíveis para o sucesso dessa captura, pois absorvem grande quantidade de carbono por terem uma grande área de folhas e estrutura, fazendo com que elas consumam o equivalente às suas expansões.

Para que ocorra a neutralização de carbono o mesmo é seqüestrado da atmosfera pelas árvores, que retira do ambiente e o fixa na biomassa da planta, assim o crescimento da planta é favorecido nessa troca. Como o ciclo do carbono está presente em diversos planos e se movimenta entre os seres vivos na forma de fotossíntese, respiração e decomposição que além de essenciais encerra o ciclo do carbono, o manejo na agricultura participa de diversas fases em sua captura.
Quando no cultivo se efetiva o uso de leguminosas como adubos verdes, compostagem e forrageiras, a possibilidade de aumentar o conteúdo de carbono no solo ocorre por duas vias, a primeira de forma direta sendo uma fonte de matéria orgânica e a segunda, aumentando a disponibilidade de nitrogênio no sistema que favorece a produção vegetal e ainda, quando ocorre a rotação de culturas que podem ser formadas por leguminosas e gramíneas, a fertilidade do solo melhora já que ocorre a reciclagem de nutrientes e incorporação de nitrogênio derivado dos resíduos, incluindo as raízes e com isso é importante ressaltar que com esse aporte a agricultura contribui para a manutenção do carbono no solo. O que vai de encontro com as necessidades do agricultor e do meio ambiente, já que ambos se beneficiam desse processo de captura do carbono.

O solo funciona como um sistema aberto efetuando trocas de matérias e energia com o meio, e a entrada de carbono no solo através dos resíduos de colheitas, depende da umidade, a forma como foi realizado o manejo e principalmente da presença do nitrogênio nesse solo. E como estamos com excesso de dióxido de carbono na atmosfera sendo este um dos principais causadores das mudanças climáticas, a redução de suas emissões e a busca por formas de capturar esses gases é uma necessidade urgente.
Sempre que possível consuma alimentos agroecológicos ou orgânicos, pois são alimentos de origem vegetal ou animal provenientes de sistemas que promovem o uso sustentável dos recursos naturais, produzindo alimentos livres de contaminantes, que protegem a biodiversidade e contribuem para a criação de trabalho e ao mesmo tempo, respeitam e aperfeiçoam os saberes e formas de produção tradicionais.
Silvia Hermida – Bióloga e Produtora Rural
Fonte: https://www.ecycle.com.br/dioxido-de-carbono/