Nasceu em 1º de junho de 1864, alguns dia após a elevação de São Roque à cidade e considerado um dos mais importantes filhos desta terra. O Arquivo Vivo resgata a edição de 30 de maio de 1964 quando era lembrado o centenário de nascimento do ilustre são-roquense.
“Tendo na mocidade iniciado aqui sua carreira de educador, prosseguiu-a depois nas outras cidades mas exerceu-a com tal proficiência que deixou renome de projeção no magistério paulista, onde se fez admirar por suas raras qualidades de inteligência e de coração. Mesmo 17 anos após a sua morte, no Correio Popular de Campinas, de 20 de novembro último, o educador e jornalista L.G. Horta Lisboa assim recorda a biografia do nosso conterrâneo”, consta no artigo.
O professor Joaquim Silveira Santos é um dos principais historiadores de São Roque e articulista do Jornal O Democrata. Entre 1936 e 38, o rodapé da primeira página do jornal trouxe a coluna “São Roque de Outrora” contando detalhes desde a fundação por Pedro Vaz de Barros, Capela (1653), Freguesia (1768), Vila (1832), Termo (1858) e, finalmente, Cidade (22 de abril de 1864).
Silveira Santos obteve, em 1883, uma cadeira por concurso e começou a dar aula em São Roque. Quatro anos depois (1887), diplomou-se pelo antigo Instituto de Educação Caetano de Campos (São Paulo). Tornou-se positivista por influência de diversos mestres, como Silva Jardim, Godofredo Furtado e Cipriano de Carvalho.
O positivismo é uma corrente filosófica criada por Augusto Comte (França, no século XIX) que aposta na ordem e na ciência para o progresso social, econômico e político. A frase “Ordem e Progesso” na bandeira do Brasil é uma influência positivista.
Seguiu trabalhando em São Roque e colaborou com o jornal “Diário Popular”, de Joaquim Maria Lisboa, onde publicou uma série de artigos sobre a Educação e batalhou pela abolição dos escravos. Com a Proclamação da República (1889) foi convidado para participar da Assembleia Constituinte. Não aceitou, mas indicou o colega Artur Breves.
Em 1909, foi professor primário em São João da Boa Vista cidade em que fundou o curso de preparatórios “Benjamim Constant” (homenagem ao defensor do positivismo no Brasil). Mudou-se para Piracicaba (1911) para ser o primeiro professor de Português das Escola Normal. Transferiu-se para Itapetininga (1924). Aposentou-se em 1929.
Em 1931, quando o general Manuel Rabelo assumiu a intervenção do Estado de São Paulo por ordem de Getúlio Vargas, fez parte do primeiro conselho consultivo e emitiu vários pareceres sobre o ensino público.
Patrono da Sociedade Amigos de Augusto Comte e da Sociedade Brasileira da Cultura Positivista e integrante do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Foi poeta e escreveu um hino à Bandeira.
Joaquim Silveira Santos faleceu, em São Paulo, em 3 de setembro de 1947, e foi sepultado em São Roque. Em 1952, o Grupo Escolar de Vargem Grande, por iniciativa de Ruy Ribeiro Lopes, ganhou o nome de Professor Silveira Santos.
Em janeiro de 1959, uma concorrida cerimônia marcou a inauguração do novo prédio da atual EMEIF (Escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental) na Estrada José Silvestre Rocha, 505 (Bairro Juca Rocha), no limite de São Roque com Vargem Grande Paulista. Em São Paulo, por indicação do Departamento de Cultura, Silveira Santos foi homenageado com o nome de praça no bairro Alto de Pinheiros
Pertencia à tradicional família Silveira Mello, filho de Honorato Silveira Mello e Maria Gertudres da Silveira. Casado com Amélia A. Silveira Santos teve os seguintes filhos: Hildebrando César (faleceu jovem em 1913), Sofia Clotilde (morreu em 1918/Gripe Espanhola), Trajano, Graco, Anibal e Paulo Silveira Santos. Este último seguiu o caminho do pai como professor e historiador de São Roque.
O Democrata de 18 de janeiro de 1959 noticiou a inauguração do novo prédio da escola na região então conhecida como Vargem Grande. O terreno foi doado pela colônia japonesa. Na edição da semana seguinte (25 de janeiro), destacou em primeira página. Em convênio com o Governo do Estado a obra foi concluída em menos de um ano com destaque para o empenho do deputado Derville Alegretti (1900/1979).
A comissão organizadora da festa de inauguração contou com Lívio Tagliassachi (prefeito de São Roque), Isukuru Myogin, Massaki Tsuruda, Taichuro Hashizume, João Machado, José Silvestre Rocha (Juca Rocha), Oswaldo Alegretti, Maria Cecília Alves e Odila Martins de Castro. João Machado que foi vereador em São Roque e funcionário da Cooperativa Agrícola de Cotia está próximo de completar 100 anos em junho.
A diretora Odila Martins de Castro fez um longo discurso destacando a biografia do patrono da escola. “Algumas [pessoas] não passam de pedrinha comuns que rolam, levadas pela vida afora, sem nunca se salientarem perante à sociedade sem jamais chamarem para si a atenção…outras tornam-se verdadeiras pedras preciosas. Não brilham ou não brilharão nos diademas reais, porém, mais importante que isso: brilham ou brilharão no cenário maravilhoso da nossa terra, nas páginas das nossa História, por seus feitos, por seus exemplos.” A professora Odila citou ainda que teve a honra de ter sido aluna do professor Joaquim Silveira Santos em Itapetininga.