Aí do nada aparecem jovens no meio da praça do Largo dos Mendes com música e dança. Dou uma olhada para o lado e leio na íris dos olhos das pessoas ao redor: gente esquisita. “Nunca vi música falada. Credo! E ainda tem essa dança louca. Ah não! Agora vão começar a ‘pichar’ tudo.” As frases se multiplicavam e aos poucos viraram palavras e murmúrios.

Antes de continuar queria fazer uma pergunta. O que você diria de artistas com 20 anos de carreira, lançando seu segundo CD pela Sony, que já fez shows para mais de 15 mil pessoas no “Tendencies Alphaville” (um dos maiores eventos culturais do Brasil) e que de quebra já dividiram o palco com artistas como Toquinho, entre outros famosos?

Apresento diretamente da cidade de São Roque o Grupo de Hip Hop ENXAME. Conversei com o rapper Copa, que é um dos integrantes do grupo. “O rap me ajudou muito, foi muito importante na minha informação e na minha formação. Aprendi a ser um ‘homem’ (ser humano melhor), ser ‘loco’ sem usar drogas e sem ingerir bebidas alcoólicas. Se me ajudou pode ajudar muita gente também”, desabafou Leandro.

O leitor mais afoito joga in my face: Ah, tá! Agora virei preconceituoso só por que não curto o tal hip hop? Calma lá! Gosto não se discute. O que não dá é para sair rotulando de ruim o que não agrada seu “paladar cultural”. A arte pode provocar este tipo de reação e sentimento na gente. Por isso que ela é tão essencial para a humanidade. Afinal, nos faz pensar, e se penso, logo existo.

Rogerio Alves, maestro e produtor cultural