Projeto literomusical de Mariana Brecht e Matheus Pezzotta chega às plataformas digitais em 8 de novembro e propõe reflexão sobre o futuro do planeta
O EP “Intraterrestres: Haverá vida na Terra?”, criado pela escritora e compositora Mariana Brecht e pelo músico e pesquisador Matheus Pezzotta, será lançado nas plataformas digitais no dia 8 de novembro. A obra une música, poesia e ativismo climático, transformando a crise ambiental em uma experiência artística colaborativa.

Os artistas assumem as personalidades dos “intraterrestres” — seres das profundezas da Terra que questionam os habitantes da superfície sobre suas relações com o mundo natural.
Crise climática e poética crítica
Segundo Mariana, o nome do projeto surgiu de um verso da canção “Gaia Ataca!”, um reggae que convida a olhar para a Terra como um organismo vivo e parte da solução diante da crise climática. Pezzotta explica que o conceito evidencia os movimentos invisíveis e as forças anônimas que habitam o mundo subterrâneo.
O lançamento será precedido pelo single “E o mundo se acabou…”, lançado em 31 de outubro, com participação da cantora Suzana Salles. A faixa marca o tom entre o riso e o colapso que permeia o trabalho.
Mariana destaca que a proposta do EP busca uma linguagem diferente das abordagens habituais sobre a crise climática — nem didática, nem catastrófica, nem utópica. A ideia, segundo ela, é aproximar o público pelo humor antes de conduzi-lo à reflexão. Pezzotta complementa que o trabalho revela o caráter farsesco e contraditório do sistema que ameaça a própria existência humana.
Sonoridades brasileiras e ancestralidade
Musicalmente, o EP incorpora referências da cultura brasileira, como o Samba de Bumbo, o frevo e ritmos populares transmitidos entre gerações. Pezzotta explica que o trabalho é um gesto de reverência aos saberes cultivados pela geração avó, mãe e neta, nas palavras de Nego Bispo — “começo, meio e começo”.
O frevo “E o mundo se acabou” foi inspirado em Ailton Krenak e venceu um festival de marchinhas, homenageando o pensador e ativista indígena.
Com sete faixas que intercalam canções e vinhetas poéticas, o EP reúne composições e arranjos de Brecht e Pezzotta. Participam também Suzana Salles, Paula Cavalciuk, Sergio Rodrigues (trompete), Lincon Moraes (sax tenor), Samuel Luís (trombone), Roger Rodcrazy (contrabaixo) e Gustavo Surian (percussões e bateria). O coro conta com Selma Fernands e João Bid, e a produção musical é de Julio Paz. A arte gráfica foi desenvolvida pela P23, com design de Felipe Gordex.
Pensamento e ação
As referências teóricas do projeto incluem Donna Haraway, Antônio Bispo dos Santos e Ailton Krenak, que inspiram os artistas a refletirem sobre cuidado, convivência e sabedoria ancestral.
Além da estreia digital, haverá uma audição presencial no dia 8 de novembro (sábado), às 19h30, no Ponto de Cultura Casa Rosa Manjericão, no centro de São Roque.
Nos dias 9 e 10 de novembro, os artistas também promovem oficinas de composição sobre crise climática na Estação Maylasky e na EMEF Tagore, no Quilombo do Carmo, em São Roque. As atividades, realizadas com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, estimulam reflexões sobre modos de vida alternativos e saberes comunitários.
Mariana lembra que a região de São Roque enfrenta, a cada ano, incêndios severos, seca e piora na qualidade do ar, reforçando a importância da preservação da Mata Atlântica e do debate sobre o plano diretor municipal, que define áreas verdes e gestão dos recursos hídricos.
Serviço
EP: Intraterrestres: Haverá vida na Terra?
Lançamento: 8 de novembro de 2025
Audição: 8 de novembro, às 19h30, Ponto de Cultura Casa Rosa Manjericão, São Roque
Oficinas: 9 e 10 de novembro, Estação Maylasky e EMEF Tagore (Quilombo do Carmo)

