A exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil não é apenas um problema persistente — é uma ferida aberta que sangra diariamente, alimentada por impunidade, negligência e silêncio. Casos como o dos dois homens presos em flagrante em Taguatinga (DF), por aliciar meninas de 14 anos, são apenas a ponta de um iceberg muito mais profundo e sombrio.
Um crime escancarado e invisível
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de exploração sexual infantil, com cerca de 500 mil vítimas, segundo o Instituto Liberta. Apesar da gravidade, apenas 10% dos casos são denunciados, conforme dados da TV Senado. A maioria das vítimas é do sexo feminino, negra e vive em contextos de vulnerabilidade social.
A internet, especialmente plataformas de mensagens, tornou-se um terreno fértil para a disseminação desse tipo de crime. Em 2024, as denúncias de grupos e canais contendo imagens de abuso e exploração sexual infantil cresceram 78% entre o primeiro e o segundo semestre, segundo a ONG SaferNet . O número de usuários participando desses grupos ultrapassou 1,4 milhão no segundo semestre do mesmo ano.
A impunidade como regra
A subnotificação é um dos maiores obstáculos no combate a esses crimes. Muitos casos permanecem ocultos devido ao medo e à manipulação por parte dos agressores, que, em sua maioria, são pessoas próximas ou de confiança das vítimas . Além disso, a falta de preparo de profissionais para lidar com vítimas de trauma, a lentidão dos processos judiciais e a baixa taxa de condenação dos perpetradores contribuem para a perpetuação da impunidade.
O papel da sociedade
A participação da população é crucial para combater a exploração sexual infantil. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, serviço que recebe, analisa e encaminha denúncias de violações de direitos de grupos vulneráveis, como crianças, mulheres, idosos e a população LGBTQIA+. É um “pronto-socorro” dos direitos humanos, atendendo 24 horas por dia .
Conclusão
A exploração sexual infantil é um crime hediondo que exige uma resposta enérgica e coordenada de toda a sociedade. É necessário fortalecer os mecanismos de denúncia, capacitar profissionais para lidar com as vítimas, acelerar os processos judiciais e garantir que os criminosos sejam devidamente punidos. Somente assim poderemos proteger nossas crianças e adolescentes desse flagelo que envergonha o país.