No dia 21 de outubro de 1945, os soldados são-roquenses que combateram na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, foram recepcionados como heróis. O conflito começou em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha, e terminou oficialmente em 2 de setembro de 1945, quando o Japão reconheceu a rendição. Os nazistas renderam-se aos Aliados em maio de 1945.

O Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial em 22 de agosto de 1942 ao lado dos Aliados, após submarinos alemães afundarem navios brasileiros. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) enviou a primeira tropa em julho de 1944. O Brasil enviou cerca de 25 mil soldados. Entre eles, doze são-roquenses que sobreviveram aos combates. No entanto, Marino Camurça sofreu ferimentos e faleceu pouco depois de retornar ao Brasil, antes mesmo de ser homenageado em sua cidade.

Há 80 anos, o Jornal O Democrata registrou a colocação de uma placa de bronze com os nomes dos soldados, na Praça da República, no pedestal do símbolo da República. No mesmo dia, a inauguração da Praça dos Expedicionários, no antigo Largo do Goianã. O jornal publicou a relação dos “expedicionários” são-roquenses. Nos arquivos do Exército Brasileiro e da FEB foi possível encontrar informações de alguns soldados, como as datas de embarque e retorno, e o nome de guerra (pelo qual o militar era conhecido pelo comando, normalmente o sobrenome):

• Álvaro Setti de Almeida (Almeida): Embarque em 22/09/1944 – Retorno em 17/09/1945
• Antônio Vieira de Lima (Lima): Embarque em 22/09/1944 – Retorno em 22/08/1945
• Benedito Narciso Pinho (Pinho): Embarque em 22/07/1944 – Retorno em 15/02/1945
• Benedito de Oliveira Viana (Viana): Embarque em 22/09/1944 – Retorno em 22/08/1945
• Braz Batista da Silva
• Luiz Gonzaga da Rocha (Rocha): existem dois expedicionários com o mesmo nome — um soldado (embarque em 22/09/1944, retorno em 23/02/1945) e um major (embarque em 20/07/1944, retorno em 10/07/1945).
• Mafaldo Isaac Corrêa
• Marco Augusto Rodrigues (Rodrigues): Embarque em 20/07/1944 – Retorno em 18/07/1945
• Marino Camurça (Camurça): Embarque em 02/07/1944 – Retorno em 02/04/1945
• Sílvio Duarte Ribeiro (Ribeiro): Embarque em 22/07/1944 – Retorno em 18/07/1945
• Thomaz de Andrade
• Walter Schimidt

Marino Camurça é lembrado com o nome de uma rua na região central, perpendicular à Avenida Tiradentes. Braz Batista da Silva morava em Mairinque (distrito de São Roque até 1958) e trabalhou na Estrada de Ferro Sorocabana (1943–1968). Teve de se afastar do emprego para servir ao Exército. Por iniciativa do vereador Robertinho Ierck, em 2014, foi homenageado em vida, aos 92 anos, com o nome da passagem de pedestres na Estação de Mairinque. Retornou da guerra com a patente de segundo-tenente. Pastor, fundou a Assembleia de Deus em Mairinque.

O Jornal O Democrata (edição de 27/10/1945) publicou uma reportagem de destaque na primeira página. O “Dia do Expedicionário São-roquense” começou com alvorada (5h), a Banda 7 de Setembro tocando pela cidade, tiros festivos no ar e canções patrióticas e marchas militares irradiadas pelo alto-falante do cinema. A programação contou com missa campal, celebrada pelo pároco Venerando Nalini, e homenagens no palanque montado em frente à Prefeitura, que ficava no início da Rua XV de Novembro (Praça da Matriz).

Estiveram presentes o prefeito Gentil de Oliveira, o professor Roque Verani, que fez um dos discursos, e a presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA), Brasilina T. Bastos, que recebia as medalhas a serem “presas ao peito dos valorosos soldados pelas gentis senhoras Durcema Villaça, Helena Bastos e Maria Adelaide Boccato”. A medalha destinada a Marino Camurça foi entregue ao tio José Ferreira Pinto. Sua avó também recebeu uma medalha.

Após a inauguração da Praça dos Expedicionários, houve almoço no Hotel Santos (Praça da Matriz), com discursos de José Maria Borba e Argeu Villaça (representando O Democrata). O expedicionário Benedito de Oliveira Viana falou em nome dos companheiros. Na sequência, a inauguração da placa de bronze na Praça da República, com o “nome de todos os heroicos expedicionários são-roquenses”.

Vander Luiz