Junho de 1955: Explosão na Ferodo mata três funcionários e as candidatas a Miss Brasil visitam São Roque – O Democrata

Folheando as edições de junho de 1955 do jornal O Democrata, destacamos dois assuntos: uma notícia boa e outra ruim. Começo pela triste. No dia 29, uma explosão matou três funcionários da Ferodo S/A Lonas e Freios, localizada na Rua 22 de Abril, em frente ao Cemitério da Paz. O Democrata relatou “que a terrível explosão em um forno de secagem de rolos e lonas ocasionou a perda de três vidas e causou avultados prejuízos materiais”.

O Democrata publicou reportagem completa sobre a explosão de um forno na Ferodo, em 29 de junho

Na edição anterior, a própria empresa publicou os nomes das vítimas. O Democrata trouxe os detalhes: Antonio Nobillioni, solteiro, 19 anos, auxiliar de eletricista; Augusto de Campos, 27 anos, casado, guarda da fábrica; e Mário Lopes Reis, 50 anos, casado, eletricista. A empresa arcou com todas as despesas do sepultamento e mandou celebrar uma missa de sétimo dia pelo descanso eterno de suas almas.

O Democrata também confirmou que estava correta a versão inicialmente publicada pelo jornal sobre a causa da tragédia: um curto-circuito em contato com gases de nafta, segundo análise do Dr. Costa Aguiar, da Polícia Técnica de São Paulo. Com essas informações, o delegado Fausto Adamo antecipou que o acidente ocorreu por “causa fortuita”.

O engenheiro Frederico Otto Gall forneceu pormenores da construção e do funcionamento do forno, que dispunha de quatro válvulas de segurança reguladas a mercúrio. O chefe de produção Jan Gazak e o mecânico Secundino Varela criticaram informações veiculadas por um jornal de São Paulo, que ouviu de um funcionário que a explosão teria sido causada pela falta de profissionais capacitados. Ambos garantiram que o eletricista Mário Lopes Reis possuía mais de 25 anos de experiência e não teve culpa. A reportagem tinha causado a revolta na esposa do funcionário morto, que procurou a direção da empresa para esclarecimentos.

O gerente Henry Raimond Robinson afirmou que vasta área do imóvel foi atingida: grande parte do edifício ficou destelhada, a maioria dos vidros quebrou, além dos danos nas paredes e no maquinário. Com o tempo, a Ferodo passou a se chamar Jurid, que mais tarde transferiu-se para Sorocaba. No antigo prédio da fábrica de lonas e freios funcionaram a Têxtil Elizabeth e a Carambella. Atualmente, abriga a Altenburg.

Candidatas a Miss Brasil visitam a Fazenda Cinzano; a empresa italiana era uma das patrocinadoras do concurso realizado em Petrópolis

CANDIDATAS A MISS BRASIL NA FAZENDA CINZANO
Em 25 de junho, com a manchete “As belezas brasileiras em São Roque”, O Democrata noticiou a visita das candidatas ao título de Miss Brasil 1955 à Fazenda Cinzano, em Maylasky. A empresa italiana era uma das patrocinadoras do evento, realizado no Palácio Quitandinha, em Petrópolis (RJ). “Na visita ao lago, as misses de todos os estados (faltaram algumas) foram fotografadas nos mais belos cavalos da fazenda.”

A notícia é assinada pelo pseudônimo Doaldoclo, que arrisca alguns palpites: “Uma opinião sincera: dentre as que aqui compareceram, a que mais me impressionou foi a Miss São Paulo, Ethel Chiaroni, um belo tipo de loira. Existem outros tipos belos, como as representantes do Ceará, Maranhão, Distrito Federal, Estado do Rio de Janeiro, Paraíba, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas a que mais empolgou foi mesmo a Miss São Paulo, a bela loira.”

Ingrid Schmidt (RJ), Anette Stone (AM), Martha Rocha (Miss Brasil 1954), Emília Correa Lima (Miss Brasil 1955, cearense de Sobral), Ethel Chiaroni (SP) e Gilda Medeiros (PA). Foto O Cruzeiro

A representante paulista não venceu, mas o nosso repórter fez uma boa avaliação. A cearense Emília Barreto Correa Lima (1934–2022) foi eleita Miss Brasil 1955, e a segunda colocação teve três candidatas com a mesma pontuação: Ethel Chiaroni (São Paulo), Ingrid Schmidt (Rio de Janeiro) e Annete Stone (Amazonas). Em terceiro lugar, Gilda Medeiros (Pará).

Nascida em Niterói (RJ), Ingrid Schmidt tornou-se matriarca da família de maior sucesso no esporte olímpico brasileiro. Ela foi campeã de tênis e filha de Preben Schmidt, um dos pioneiros da vela no Brasil. Seus irmãos, Erik e Axel, foram os primeiros brasileiros campeões mundiais de vela (1961). Ingrid casou-se com o coronel Dickson Grael, e seus filhos brilharam nos Jogos Olímpicos: Torben Grael conquistou duas medalhas de ouro (Atlanta/1996 e Atenas/2004), uma de prata (Los Angeles/1984) e duas de bronze (Seul/1988 e Sydney/2000); Lars Grael ganhou duas de bronze (Seul/1988 e Atlanta/1996). E tem mais: a neta Martine, filha de Torben, é bicampeã olímpica (Rio/2016 e Tóquio/2020). O filho mais velho, Axel, seguiu a carreira política e é o atual prefeito de Niterói, após ter ocupado o cargo de vice-prefeito.

Vander Luiz

Jornal O Democrata São Roque

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