As Festas de Agosto/São Roque estão estruturadas em um robusto alicerce que sustenta a principal tradição da cidade e ao mesmo tempo distribui uma série de etapas e atividades. A Novena no Morro do Cruzeiro, Entrada dos Carros de Lenha, barracas, bandas, badalar dos sinos, cores e procissões deixam suas marcas na memória.
Entre tantos detalhes, os portais também fazem parte dessa história. “Quando éramos crianças a gente percebia que a festa estava chegando quando montavam os portais nas esquinas subindo da Praça da Matriz até o Largo de São Benedito [Praça Heitor Boccato]. Eram iluminados, feitos com treliça. Vieram os portais mais artísticos com o Vasco Barioni. Depois parou porque ficava difícil com o movimento dos carros”, lembra Zé do Nino (José Carlos Dias Bastos), que participa há décadas da organização da festa e que comemorou 91 anos de vida na última terça-feira (6 de agosto).
O portal de entrada de uma cidade oferece boas-vindas aos viajantes; aos moradores a segurança da volta para casa que resume-se em uma palavra: “Cheguei!”. Nas festas religiosas, a passagem que liga a vida aqui na terra com o mundo espiritual. Ao passar por ele sente-se uma magia. Hoje, estamos mais acostumados com os portais na internet que mostram um novo tempo.
Nos últimos anos os portais voltaram a fazer parte das Festas de Agosto. Neste ano, especificamente, o portal foi instalado na rua Monsenhor Silvestre Murari (lado esquerdo da Praça da Matriz). Os festeiros 2024 (Marina Garcia Cavalheiro Lobo/Roberto de Moraes Lobo e Luciana de Cássia Ferreira Pontes/Alexandre Bastos de Góes Pontes) encomendaram um projeto ao arquiteto Arthur Barioni, por sinal neto de Vasco Barioni. O resultado final, agradou tanto que virou moldura do cartaz oficial com a programação.
O Arquivo Vivo traz uma foto da Festa de São Roque de 1964 com o portal montado no início da rua XV de novembro, local que se tornou inviável com acúmulo de fios nos postes. São 60 anos. Quem viveu esse período vai buscar recordações daquele tempo, os mais jovens poderão ao menos comentar em um misto de exclamação e pergunta: “A Praça da Matriz era assim!?”
O Jornal O Democrata de 14 de agosto de 1964 destacou em primeira página os “Festejos em honra do milagroso São Roque e do Divino Espírito Santo” com os festeiros José Raul Calfat/Wilma Euzébio Calfat (São Roque) e Arnaldo Roux Paulino/Dirce de Lucca Paulino (Divino). “Desde o dia 7 de agosto, vem se realizando com grande esplendor e devoção as tradicionais Festas de São Roque e do Divino Espírito Santo, em nossa cidade. No último domingo, às 10h30, tivemos a tradicional entrada dos carros de lenha, precedida dos Cavaleiros de São Jorge [Romaria de São Roque à Pirapora do Bom Jesus]. Às 16 horas, desfilando garbosamente pelo itinerário de costume a grandiosa Procissão de São Jorge. Naquele tempo, era levantado o Mastro com a Bandeira do Divino, tendo sido capitão do mastro, o sr. Jarbas Pires Valente, e álferes a sra. dona Jacy Bueno de Oliveira Valente. E mais, a festa prosseguia até 17 agosto com a Procissão de São Cristóvão (padroeiro dos motoristas).
Agora que você passou pelo portal do tempo. Aproveite a maior festa da região. Lá no futuro, você lembrará que em 2024 o portal era baseado em alguns elementos da pintura da Igreja a Matriz com as colunas laterais e o arco do altar. Isso sem contar a iluminação neutra (nem branca, nem amarela) que estava prevista para ser inaugura na noite de quinta-feira. O ano também ficará marcado pela nova iluminação da Matriz. Na parte interna, lâmpadas amarelas para deixar o ambiente mais confortável. Na parte externa, iluminação na escada e novidades na torre. A cruz ganhou iluminação de LED em substituição a antiga travessa da madeira.
Vander Luiz