O Carnaval passou, mas as lembranças permanecem. O Arquivo Vivo fecha o desfile de informações carnavalescas com um resumo dos anos 1990, período em que as escolas de samba de São Roque viveram momentos de euforia nos primeiros anos da década, mas depois tiveram os desfiles interrompidos por três anos. No retorno, surgiram duas campeãs: Vila Amaral e Santa Quitéria (fundada em 8 de janeiro de 1999), que se mantém em atividade e se tornou uma das grandes vencedoras da avenida sob o comando de Marquinhos da Fanfarra.
Em 1990, o São Roque Clube entrou na Avenida Tiradentes em busca do tetracampeonato, mas foi surpreendido pela Mocidade Independente da Vila Aguiar, que conquistou seu primeiro título com o samba-enredo “Natureza”, de Carlinhos César. A Acadêmicos do São Roque Clube e a Juventude Unida do Cambará entraram com um recurso alegando que a Vila não tinha o número mínimo de 250 integrantes e não apresentou a ala das baianas. O pedido foi negado pela comissão organizadora da Prefeitura de São Roque.

No ano seguinte, a estreante Mocidade Unida da Vila Nova São Roque levou o título com um enredo que falava do arco-íris que antigos moradores do bairro costumavam observar nos finais de tarde. Com isso, impediu o bicampeonato da Vila Aguiar, que desfilou com o enredo “Pirlimpimpim é Fantasia”, baseado nos personagens de Monteiro Lobato.

A Vila Aguiar tornou-se absoluta no Carnaval de São Roque ao conquistar quatro títulos consecutivos (1992-1995). Em 1992, apresentou um enredo sobre a criação do universo e prestou homenagem a Antônio Olímpio Neto (Toninho Bicheiro), um dos grandes incentivadores da escola. O jornal O Democrata captou a mensagem e estampou a manchete “Deu na Cabeça”. No bicampeonato, a Vila Aguiar realizou um dos desfiles mais marcantes ao levar a Brasital para a avenida. Em 1994, no primeiro ano em que a Avenida Bandeirantes se transformou na passarela do samba, a escola voltou a brilhar ao abordar o tema dos jogos, com alas representando baralhos, loterias e brincadeiras infantis. No tetracampeonato, que marcou seu quinto título, a verde e branco destacou o centenário da Escola Bernardino de Campos, o primeiro grupo escolar do Estado de São Paulo.

O desfile de 1995 ficou marcado por falhas na organização, com atraso de mais de duas horas e problemas no som. Em 1996, último ano da administração Wagner Nunes, não houve desfile das escolas. A Prefeitura de São Roque contratou o trio elétrico Coco & Loco, que concentrou apresentações em frente ao São Roque Shopping Center e na Avenida Antonino Dias Bastos, além de promover os concursos da camiseta molhada e do “bumbum mais sexy”. Foi nesse período que ganhou destaque o bloco Hula-Hula.
Nos anos de 1997 e 1998, primeiros da administração Efaneu Nolasco Godinho e o diretor Vinicio Cesar Pensa, a Prefeitura voltou a promover o concurso de Rei Momo e Rainha do Carnaval, além de shows com Iberê do Morro e desfiles de blocos de São Roque. Também trouxe blocos das escolas paulistanas Camisa Verde e Branco e X-9. Nesse período, nasceu o Bloco da Estação (Jardim Ester), que posteriormente deu origem à Escola de Samba Unidos da Estação Santa Quitéria.

Os desfiles das escolas de samba retornaram em 1999, quando a Santa Quitéria mostrou a que veio, levando seu primeiro troféu com o enredo sobre ecologia: “O Paraíso Animal, com muito amor eu vou”.

Abrindo o novo milênio, foi a vez da Vila Amaral, presidida por Odair Barros, que superou quatro escolas: São Roque Clube, Santa Quitéria, Nova Geração do Guaçú e Rosa Azul de Mailasqui. A forte chuva no domingo cancelou as apresentações da Rosa Azul e da Santa Quitéria, sendo somadas apenas as notas do desfile de terça-feira.
Vander Luiz