
Falar em bioinsumos parece para alguns produto novo, porém já faz algum tempo que eles são usados na agricultura. A Embrapa há alguns anos pesquisa diversas formas de combate e controle de pragas e doenças nos cultivos, bem como nos agentes da fertilidade do solo, como os promotores de crescimento e fixação biológica de nitrogênio. Podem ser utilizados em muitos setores da agricultura e auxiliar na redução de custos na produção de alimentos, tanto em larga escala como a do pequeno produtor rural. Os bioinsumos podem ter origem animal, vegetal ou até microbiana. Alguns destes são bem conhecidos como:
- Biofertilizantes
- Bioacaricidas
- Bioinseticidas
- Produtos fitoterápicos
- Inoculantes

Esses produtos são eficientes e contribuem para que o modo de produção sustentável seja possível e podem ser utilizados tanto na produção do alimento, como no armazenamento, beneficiamento de produtos agropecuários, também em sistemas de produção aquáticos e em florestas plantadas. Ao serem comparados aos defensivos e fertilizantes químicos, pode-se dizer que tem uma pequena disponibilidade, até por não terem seu uso tão difundido nos meios agrícolas.
O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) em 2020 lançou o Programa Nacional de Bioinsumos, instituído pelo Decreto No. 10.375, de 26 de maio de 2020, com objetivo principal de aproveitar a biodiversidade brasileira e com isso, reduzir nossa dependência aos insumos importados e também conseguir aumentar a oferta de matéria prima para o setor agrícola.
No controle de pragas e doenças na produção vegetal, os bioinsumos mais utilizados são os feromônios de insetos, os bioacaricidas e os biofungicidas. Já na produção em larga escala como é o caso do milho, feijão e soja, os biofertilizantes são os que trazem melhor resultado.
Também podem ser aproveitados na conservação e acondicionamento dos alimentos, tanto na pós-colheita de alimentos de origem vegetal, como no processamento desses produtos e também nos de origem animal. Já se usa os revestimentos e filmes comestíveis aplicados nas superfícies de frutas e hortaliças, com objetivo de aumentar a vida útil do alimento e diminuir as eventuais perdas pós-colheita, e claro garantindo também a segurança alimentar, contribuindo para a redução de impactos ambientais. Existem algumas vantagens no uso de produtos de origem biológica, podemos destacar:
- Uma maior segurança devido à baixa toxicidade dos produtos
- Menor uso de produtos químicos como os adubos nitrogenados, por exemplo
- Impacto ambiental diminuído
- Menor custo de produção, e redução na dependência de importação de insumos químicos

Na agroecologia a denominação de praga não é muito bem vinda, se fala em desequilíbrio no ambiente e os bioinsumos são bem vindos para auxiliar os cultivos para que todos tenham seu espaço sem prejudicar a produção dos alimentos e do solo. Quando temos um ambiente em harmonia, os insetos e outras plantas existentes junto com o cultivo serão vistos como participantes do processo de vida e produção. A busca maior é principalmente pelo equilíbrio do ambiente, que envolve todos os seres vivos trabalhando naquele ambiente de forma coletiva, fornecendo as matérias primas e o sustento do solo e plantas no local.
Para agricultores tradicionais as práticas são comuns e ancestrais no uso de controle biológico, sempre providenciam em seus canteiros plantas que repelem insetos e o estímulo a presença equilibrada de animais predadores e polinizadores. É um trabalhar em conjunto onde todos são favorecidos.
Sempre que possível consuma alimentos agroecológicos ou orgânicos, pois são alimentos de origem vegetal ou animal provenientes de sistemas que promovem o uso sustentável dos recursos naturais, produzindo alimentos livres de contaminantes, que protegem a biodiversidade e contribuem para a criação de trabalho e ao mesmo tempo, respeitam e aperfeiçoam os saberes e formas de produção tradicionais.
Silvia Hermida – Bióloga e Produtora Rural
Fonte: https://blog.aegro.com.br/bioinsumos.